Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Coisa de criança

Rosy foi dessas crianças que ajudavam a mãe a escolher o feijão, antes que fosse colocado na panela, para ser cozido.

Hoje, o feijão chega aos supermercados devidamente selecionado.

As crianças nem imaginam que, um dia, havia necessidade de espalhar o feijão sobre a mesa, retirar os grãos estragados, as pedrinhas, os pedaços de terra e outros detritos.

A menina Rosy fazia esse trabalho. Enquanto catava o feijão, deixava a imaginação voar, a criatividade despertar, curtindo a presença da mãe ao seu lado, preparando o almoço para toda a família.

Rosy observou que os grãos de feijão saudáveis eram enviados para a panela, melhor dizendo: para a morte.

Em sua sabedoria de criança, resolveu fazer alguma coisa em favor daqueles indefesos grãos, que não tinham a mínima chance de sobreviver às altas temperaturas a que seriam submetidos...

Então, resolveu separar, junto com os detritos, alguns feijões saudáveis, a fim de preservá-los.

Na sua imaginação, aqueles grãos salvos teriam oportunidade de produzir novos grãos, de germinar, florescer e frutificar, dando continuidade à vida.

É claro que se a mãe percebesse isso, consideraria um desperdício aquilo que, para a garota, era uma iniciativa nobre.

O que vale ressaltar desse fato é que os anos não conseguiram matar a sensibilidade, nem a criatividade daquela menina, que se tornou compositora de músicas para crianças.

Ela tem a sensibilidade incomum de se comunicar com a alma infantil. É a sua tarefa, sua missão.

Disse-nos ela, numa oportunidade: Não somos nós que escolhemos compor para a infância. São as canções que nos escolhem.

E as canções sabem a quem escolher.

Escolhem as pessoas que guardam na alma a ludicidade, o sonho, a observação, a imaginação sadia, próprias da criança.

Rosy foi uma menina que brincou na rua, subiu em árvores, interagiu com outras crianças, viajou pela imaginação, pelo sonho, teve a leveza de uma infância descontraída e feliz. E conservou isso tudo na alma.

Nos tempos atuais, as crianças não brincam mais nas ruas. A grande maioria vive em apartamentos e interage com os equipamentos eletrônicos.

As canções que ouvem, geralmente, são feitas para adultos, por compositores que ignoram a beleza, a estesia, a delicadeza da alma infantil.

Mas, a menina Rosy, hoje uma mulher madura, continua acreditando que se pode fazer alguma coisa em favor da infância, através da música.

Foi relembrando os tempos em que salvou alguns grãos de feijão, que compôs os versos da canção:

Quando abrimos os olhinhos do coração tudo se ilumina, vemos a imensidão...

No botão de rosa, no grão de areia, na semente do limão o pequenino lá por dentro é grandão!

Quando abrimos os olhinhos do coração, vemos o universo todo em expansão...

O ovo da galinha, a notinha da canção, o tatu bolinha, a bolha do sabão...

O pequenino lá por dentro é grandão!

*   *   *

São as crianças de todas as idades que veem um mundo dentro de uma semente, de um grão de areia, do miolo do pão. E dentro desse mundo, o da imaginação.

Por isso, nosso mundo é melhor.

Redação do Momento Espírita, com transcrição
 de versos da canção
Os olhos do coração,
 do CD Gente criança, de Rosy Greca.

Em 12.10.2023.

 

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