Momento Espírita
Curitiba, 28 de Abril de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone O dever que nos compete

Você já se perguntou por que somos constrangidos, muitas vezes, a fazer alguma coisa simplesmente porque o dever nos impõe?

De onde nos vem essa ordem, fazendo-nos agir, tomar alguma atitude, mesmo contrariando nossos instintos egoístas?

A palavra dever se origina do latim debere, compreendendo a ideia de obrigação e compromisso adquiridos em relação à consciência ética, moral ou social.

Podemos afirmar que, de certa maneira, o dever se encontra insculpido em todo ser que pensa.

É semelhante a uma marca divina, estabelecendo seguras diretrizes para nós, os seres inteligentes da Criação.

É a expressão da lei de Deus, inscrita na consciência de cada ser humano.

Mas como esse chamamento ao dever se processa em nosso eu e por que temos tanta dificuldade, por vezes, para cumprirmos com nossos deveres?

Na ordem dos sentimentos, observamos como é difícil ser cumprido o dever, quase sempre em desacordo com as atrações do interesse e do coração.

Além disso, as suas vitórias, sendo íntimas, não têm testemunhas, o que não nos oferece nenhum prazer.

Nosso dever íntimo fica sempre sujeito ao nosso livre-arbítrio. A consciência, como guardiã da nossa honradez interior, pode nos advertir, nos alertar.

No entanto, muitas vezes, ela se mostra impotente ante os argumentos das nossas paixões, dos nossos quereres.

Por isso, para bem cumprirmos nossos deveres, devemos estar atentos aos caprichos do ego, que traduzem o orgulho e o egoísmo ainda presentes em nós, nas expressões da aparência, da posse e do poder sobre as outras criaturas.

O cumprimento do dever é o coroamento do domínio da impulsividade do ego pela razão. É o saber porque se age de forma correta perante a vida e com fé no porvir, mesmo em detrimento do interesse pessoal.

Mas onde começa e onde termina o nosso dever?

O dever principia, para cada um de nós, exatamente no ponto em que ameaçamos a felicidade ou a tranquilidade do nosso próximo. Acaba no limite que não desejamos que ninguém transponha com relação a nós.

*   *   *

Cumprir com nosso dever é uma atitude ativa e consciente, pois exige que coloquemos em prática a potência da alma chamada vontade.

O dever se apresenta como a hora da verdade para o discípulo do Evangelho, traduzida por um chamamento interior que transcende todas as hipóteses e teses morais.

É bravura da alma que enfrenta as angústias da luta. Exige coragem para vencermos nossas imperfeições e renunciarmos ao interesse pessoal.

No cumprimento do dever, deixamos de ser do mundo para estar no mundo.

Enfrentamos os fantasmas do erro e da culpa, decorrentes dos prazeres de toda ordem. Enfrentamos todas as consequências de mudar, pois temos desperta a consciência, nosso eu verdadeiro, nosso deus interior.

Quando transformamos todas as obrigações da vida, das simples às complexas, em uma oferenda de alegria ao Criador, o dever se transforma em amor, e é quando sentimos, finalmente, a paz do dever cumprido!

Redação do Momento Espírita, com base no
cap. XVII, item 7, de
O Evangelho segundo
o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 9.9.2023.

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998