Momento Espírita
Curitiba, 28 de Abril de 2024
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ícone Mimo de Deus

Narra uma velha lenda que Deus, após o magnífico feito da Criação, visitou o planeta azul.

Era um dia de verão. O sol iluminava a natureza, traduzindo em beleza luzes, cores, perfumes e encantamentos.

A brisa perfumada passava entre a folhagem das árvores, acariciando-as.

As águas cantavam nos córregos, abundavam nos rios, atropelavam-se para despencar das alturas, em cascatas de tirar o fôlego.

As aves bailavam nos ares, repousavam em ramos altos, cantando operetas recém compostas.

As florestas exibiam sua imensa riqueza, na diversidade de espécies vegetais e animais.

Montes altaneiros pareciam, apenas, a tudo observar, mostrando suas encostas floridas ou os picos altíssimos.

E a Bondade Divina a tudo contemplava, jubilosa pela colaboração de tantos Espíritos que se lhe haviam associado à vontade para essa extraordinária produção.

Então, buscou a obra-prima da Sua Criação: o ser humano, que enviara ao planeta tão amorosamente preparado para ele.

Foi encontrá-lo trabalhando o solo, com um instrumento rude. O semblante marcado pelo cansaço e pelo suor.

Transmitia mal-estar e desencanto. O trabalho lhe constituía desconforto inigualável, chegando quase a praguejar.

Deus contemplou aquele filho amado, sabendo que lhe cabia trabalhar para seu próprio crescimento.

No regato de água cristalina, ele tomou de um bolo de barro. Enquanto continuava olhando o homem revoltado, foi moldando, com Suas mãos, uma avezita.

Era delicada e bela. O Senhor do Mundo lhe abriu o bico e determinou:

Tu serás a calhandra. Cantarás para que o ser humano se sinta feliz ao te escutar, espancando a tristeza e a revolta.

Lançou-a no ar e falou, com alegria: Canta!

Desde esse dia, quando o homem se aflige, recorda da calhandra. Então, sorri e murmura uma melodia.

*   *   *

A vida é uma bênção de Deus. Não importando as circunstâncias que nos envolvam, é sempre oportunidade de aprendizagem e evolução.

Existir significa lutar, conquistar o infinito, inebriar-se de valores grandiosos e de conquistas sucessivas.

Conseguir alcançar a vitória de viver, neste planeta, é honra que, de forma alguma, deve ser desprezada ou desperdiçada.

Dessa forma, ante as dores que nos chegam, roguemos o auxílio divino, e prossigamos.

Ante os problemas que nos pareçam insolúveis, paremos um pouco, cheguemos à janela, contemplemos a paisagem, busquemos ouvir o canto da avezita.

Extasiemo-nos com a melodia, emocionemo-nos com esse especial mimo que Deus nos ofereceu.

E, gratos por respirarmos, gratos por usufruirmos de mais um dia no corpo físico, retornemos às nossas lides, enfrentando os desafios.

Não desistamos de viver. Não nos permitamos esmorecer, desalentar.

Pensemos em quantos apreciariam estar no mundo, como nós, com a possibilidade de encontrar amigos que nos sustentam, de usufruir do aconchego da família.

A glória de viver. Jamais desistamos dela. Porque, por maiores sejam os problemas, lembremos de que tudo passa.

O que quer que estejamos sofrendo, passará.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo
 
Suicídio, de Divaldo Pereira Franco, publicado na coluna
 
Opinião, do jornal A Tarde, de Salvador, Bahia, em 8.9.2022.
Em 15.3.2023.

 

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