Momento Espírita
Curitiba, 27 de Abril de 2024
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ícone Lição numa capela

Évora faz parte da rede de cidades mais antigas da Europa.

Sua fundação é atribuída à época da dominação romana. No entanto, existem alguns vestígios de presença humana de mais de seis mil anos.

Uma prova disso são os menires, monumentos de pedra, em círculo, na localidade de Almendres, descobertos em 1964.

A cidade, situada a cem quilômetros de Lisboa, recebe muitos turistas, que se extasiam com suas ruazinhas no centro, entre muralhas.

E com monumentos bem conservados, como o Templo a Diana.

Mas, o mais excepcional é a Capela dos Ossos.

Os frades franciscanos chegaram na região, no Século XIII. Seu objetivo era pregar a fé e a humildade. Construíram uma igreja e uma escola.

Foi no interior do que hoje é um imponente monumento da cidade, a igreja, que os franciscanos resolveram criar um espaço para intensa reflexão sobre a vida.

Queriam algo verdadeiramente tocante. Para isso, fizeram um monumento à morte.

A morte, única certeza que temos, inimiga do nosso instinto de conservação, da nossa vontade de viver.

Ao construírem a capela, também resolveram um problema da cidade, que desejava desativar mais de quarenta cemitérios abandonados e não sabia que destino dar a tantos esqueletos.

Os monges os requisitaram e os colocaram nas paredes e nas colunas, unidos por uma massa cinzento azulada.

Parece algo macabro. Mas, quem visita a capela observa que a estética é muito interessante. Centenas de crânios, fêmures e colunas vertebrais se acomodam, num estranho mosaico.

Embora tenha se tornado um local turístico, cumpriu seu objetivo inicial: um lugar para meditação e estímulo à humildade.

Começando pela inscrição na porta de entrada: Nós, ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos.

Cada um que visita a Capela dos Ossos tem uma reação particular. Alguns sentem acender sua religiosidade. Para outros, é simples curiosidade histórica.

Entretanto, a grande mensagem é mostrar que a vida é breve.

Por isso, a devemos viver com intensidade, com responsabilidade, com humildade.

Para que brigarmos tanto, para que disputarmos tanto, se a vida é tão curta?

E, afinal, por que nos apegarmos tanto a ela?

A grande inspiração provocada pela capela é de que a brevidade da vida é um dos elementos que a fazem ser tão maravilhosa.

A sabedoria, portanto, está em sabermos viver cada minuto das nossas vidas, valorizar as relações afetivas.

O poeta cubano José Martí cunhou uma frase, que foi popularmente editada e é muito usada: Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro: três coisas que toda pessoa deve fazer durante a vida.

Podemos plantar muitas árvores para deixar como nosso legado: a da amizade, do bem querer, do otimismo.

Marcas indeléveis que assinalarão nossa passagem por aqui.

Podemos ser pais biológicos ou abraçarmos filhos da carne alheia, de forma ampla ou apadrinhamento.

Quanto bem a fazer!

Finalmente, o mais precioso livro que possamos escrever é o do nosso próprio jornadear pela Terra.

Um livro que retrate feitos de trabalho, de perseverança nos bons propósitos, de crescimento intelecto-moral.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo
 
A capela da humildade, de Eugênio Mussak, da revista
 
Vida Simples, edição 194, de abril de 2018, ed. Caras.
Em 10.3.2023.

 

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