Momento Espírita
Curitiba, 05 de Maio de 2024
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ícone Flores da noite

O sol da manhã, o novo dia, sempre foram símbolos de renovação.

Muitos escritos já trouxeram a imagem inspiradora das flores que rompem seus botões e transbordam beleza, aos primeiros raios de luz.

No entanto, existem algumas flores que só desabrocham à noite.

A natureza sempre nos surpreende. Alguns espécimes raros revelam suas pétalas somente após o pôr do sol.

Florescem no escuro e enchem as ruas cansadas, jardins e costas, com um aroma intenso e luz encantadora.

Isso se dá porque muitas delas são nativas de áreas onde os animais são noturnos. Assim, só podem ser polinizadas nesse período.

Morcegos, insetos, mariposas saem à noite e, enquanto passeiam, levam o pólen de uma flor para outra.

Muitas flores do deserto, por exemplo, desabrocham na escuridão porque, durante o dia, não há muitos animais polinizadores.

Uma das curiosidades dessas florescências é seu perfume intenso. Mais uma forma de se mostrarem presentes e chamarem a atenção, cumprindo seu papel nesse sistema perfeito, que é a natureza.

*   *   *

Muitos de nós podemos nos descobrir como flores da noite. Não iremos nos enquadrar nos padrões das belas rosas ou margaridas, que desabrocham ao amanhecer.

Nossa beleza talvez não seja a do lírio ou a da tulipa com suas tonalidades multicolores.

Quem sabe sejamos mais como a dama da noite e suas pétalas, em formato de cálice, com terminações que fazem parecer estrelas.

Seu perfume intrigante inspira a produção de fragrâncias e é apontado por muitos como o mais intenso, entre as plantas conhecidas.

Talvez sejamos como o lótus de braham-kamal, flor dos deuses, que cresce na Índia, na China e no topo das montanhas do Himalaia. Ela abre imediatamente após o pôr do sol e vive apenas uma noite.

Vive pouco, poderíamos dizer, mas vive bem, pois suas pétalas são utilizadas, na medicina tradicional do Tibete, como um meio de tratar doenças dos sistemas urinário e reprodutivo.

Ou ainda a flor da noite, que cresce na América Central. Branca, com um aroma rico, um tipo de cacto noturno, que floresce apenas durante algumas horas e depois desaparece.

Interessante é que depois de quarenta a cinquenta dias, no lugar da flor aparece uma fruta exótica, a pitaya, ou fruta do dragão.

Foi bela, perfumada e ainda rendeu frutos.

*   *   *

Pensemos em tantas formas que temos de fazer parte da natureza, de servir à Criação.

Alguns não temos desenvoltura para estar em frente a uma câmera, mas escrevemos muito bem o que aquela pessoa que estará lá, em evidência, deverá falar.

Alguns não temos facilidade para produzir obras artísticas, mas temos um senso estético apurado, uma visão minuciosa, enxergando coisas que ninguém mais vê.

Outros, criamos em silêncio, longe dos holofotes. Vamos servir no anonimato, vamos salvar o mundo sem precisar das manchetes de jornal.

Flores da noite, igualmente belas e fundamentais nos jardins do Universo.

Que possamos fazer o bem, como flores do dia ou flores da noite. Que possamos perfumar os caminhos de nosso próximo, seja com o sol brilhando ou nos períodos de escuridão.

 Redação do Momento Espírita
Em 10.8.2021.

 

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