Eram noivos e se preparavam para o casamento, quando o pai da noiva descobriu que o rapaz era dado ao jogo.
Decidiu se opor à realização do matrimônio, a pretexto de que o homem que se dá ao vício do jogo jamais seria um bom marido.
Contudo, a jovem obstinada decidiu se casar, assim mesmo. E o conseguiu, fazendo valer a sua vontade, vencendo a resistência do pai.
Nos primeiros dias de vida conjugal, o rapaz se portou como um marido ideal. Entretanto, com o passar dos dias, sentia crescer em si cada vez mais o desejo de voltar à mesa de jogo.
Certa noite, incapaz de resistir, retornou ao convívio de seus antigos companheiros.
Em casa, a jovem tomou de um bordado e ficou aguardando. Embora ocupada com o trabalho manual, tinha os olhos presos ao relógio. As horas pareciam se suceder cada vez mais lentas.
Alta madrugada o marido chegou. Nem disfarçou a sua irritação, por surpreender a companheira ainda em vigília. Logo imaginou que ela o esperava para censurar a sua conduta.
Quando ele a interrogou sobre o que fazia àquela hora acordada, ela, com ternura, disse que estava tão envolvida com seu bordado, que nem se dera conta da hora avançada.
No dia seguinte, quando ele retornou ainda mais tarde da casa de jogo, a encontrou outra vez a esperá-lo.
Outra vez acordada?, Perguntou ele quase colérico.
Não quis que fosse se deitar, sem que antes fizesse um lanche. Preparei torradas, chá quentinho. Espero que você goste.
E, sem perguntar-lhe onde estivera e o que fizera até aquela hora, ela o beijou carinhosamente e se recolheu ao leito.
Na terceira noite, ela o esperou com um bolo delicioso. Antes mesmo que o marido dissesse qualquer coisa, ela se prendeu ao pescoço dele, abraçou-o e pediu que provasse da nova delícia.
Assim, todas as madrugadas, a ocorrência se repetiu. O marido começou a se preocupar.
Na mesa de jogo, tinha o pensamento menos preso às cartas do que à esposa, que o esperava, pacientemente, como um anjo da paz.
Começou a experimentar uma sensação de vergonha, ao mesmo tempo de indiferença e quase repulsa por tudo quanto o rodeava.
O que ele tinha em casa era uma mulher que o esperava, toda madrugada, para o abraçar, dar carinho.
Aos poucos, foi se tornando mais forte aquele incômodo. Finalmente, um dia, de olhar vago e distante, como se tivesse diante de si outro cenário, o rapaz se levantou da mesa de jogo e retirou-se, para nunca mais voltar.
* * *
Nos dias atuais, é bem comum os casais optarem por se separar, até por motivos quase ingênuos.
Poucas criaturas, em nome do amor, decidem lutar para harmonizar as diferenças, superar os problemas, a fim de que a relação matrimonial se solidifique.
Contudo, quando o amor se expressa, todo o panorama se modifica. É difícil a alma que resista às expressões do amor porque ele é portador da mensagem do bem-estar, da alegria.
Sempre salutar, portanto, investir no amor, expressando-o através de gestos, atenções pequenas, gentilezas.
O amor é o sentimento por excelência e tem a capacidade de transformar situações e pessoas.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
A força do amor, do livro O primado do Espírito,
de Rubens C. Romanelli, ed. Síntese.
Em 25.4.2017.
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