Momento Espírita
Curitiba, 25 de Novembro de 2024
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ícone Gentileza e polidez
 

Na língua portuguesa existem palavras com vários significados. Nem sempre sabemos o que realmente significam no contexto em que estão inseridas.

A palavra gentil, por exemplo, segundo os dicionários, quer dizer: de boa linhagem; nobre, fidalgo; elegante, garboso; que agrada pela delicadeza de sentimentos ou fineza de maneiras; amável.

E a palavra polidez quer dizer: caráter ou qualidade do que é polido; atitude gentil; cortesia, civilidade.

Geralmente as pessoas gostam de ser consideradas gentis e polidas, pois esses termos pressupõem atitudes nobres.

No entanto, a pessoa pode ser gentil e polida e não ser ética e nem moralmente correta.

Uma pessoa que se comporta com gentileza e polidez não está, necessariamente, agindo com bondade, equidade, complacência e gratidão.

O excesso de polidez e de gentileza pode até ser muito inconveniente.

É por isso que o ditado popular: É polido demais para ser honesto tem sua razão de ser.

Aquele que é gentil e polido, em excesso, passa por pouco verdadeiro. Isso porque, às vezes, a honestidade, a seriedade e a verdade exigem que se desagrade alguém.

Levada muito a sério, a polidez é o contrário da autenticidade.

Os muito polidos são como crianças grandes demasiadamente bem comportadas, prisioneiras de regras, iludidas pelos costumes e pelas conveniências.

Assim, entende-se que uma pessoa polida não deve ser, só por esse fato, considerada virtuosa.

A polidez pode ser uma atitude externa, como uma fina camada de verniz, adquirida pelas regras de etiqueta, e não ter ressonância no interior da alma.

Uma pessoa pode ser gentil e enérgica ao mesmo tempo, sem que isso a torne menos gentil.

Pessoas que nunca contrariam ninguém não podem estar sendo honestas nem verdadeiras.

Uma pessoa gentil sabe usar a sua autenticidade com moderação, bom senso e firmeza, sem resvalar na pieguice ou na loucura.

Já uma pessoa vil não deixa de ter mau caráter pelo fato de ser polida.

Geralmente, esse equívoco de interpretação confunde a análise e julga-se mais pela aparência do que pela essência.

É por isso que um gentil cavalheiro ou uma dama polida, quando provocados, podem tornar-se irreconhecíveis, pela grosseria de seus atos e gestos.

Isso porque a provocação não resiste à pedra de toque, as mazelas internas rompem o verniz e a criatura mostra-se tal qual é: uma fera.

Nesses momentos usa todas as armas possíveis para agredir, sem mensurar se há justiça ou não em suas atitudes insanas.

Quanto mais fina a camada de verniz, mais facilmente surgirão as intimidações dos oponentes mostrando-lhes, de alguma forma, que estão investidas de algum poder, atrás do qual se protegem.

Quando não se tem argumentos lógicos, justos e coerentes, apela-se para o grito, a carteirada ou a força bruta.

Jesus, o grande Sábio de todos os tempos, disse: Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que são semelhantes a sepulcros caiados, vistosos por fora mas cheios de podridão por dentro. Assim também vós, por fora pareceis justos aos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e maldade.

É essa maldade que vai aparecer sempre que ficar exposto o verdadeiro caráter do indivíduo, que está escondido por trás da polidez ou da falsa gentileza.

Por tudo isso vale construir um bom caráter de dentro para fora, pois ninguém poderá se manter por muito tempo sobre bases falsas.

Seja essencialmente gentil e sua gentileza se exteriorizará naturalmente, tão natural como o ato de respirar.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 20 de
O livro das virtudes de sempre, de Ramiro Marques,
 ed. Landy e no Evangelho de Mateus, cap. 23, vv 27 e 28.
Em 29.03.2010.

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