Afirma o Apóstolo João, em seu Evangelho que, se todas as coisas feitas pelo Mestre Jesus fossem escritas, o mundo não comportaria o número de livros.
A vida de Jesus foi intensa de obras. É o Espírito Amélia Rodrigues que nos conta que, certa vez, após as pregações do dia, tendo a multidão se dispersado, o Rabi se afastou para uma parte solitária da praia e mergulhou em profundo cismar.
Durante aquele dia, as criaturas atendidas que nEle haviam encontrado diretriz, trouxeram novos candidatos ao Amigo Divino, que a todos atendera.
As ondas morriam na areia, quase em sussurro, não desejando interromper o silêncio que se tornara moldura viva na qual a figura do Mestre se destacava, irradiando claridade.
Foi então que dEle se acercou uma mulher. Desculpou-se por perturbá-lO e Lhe falou do seu drama.
Tinha sede de amor, e não lograra a honra de fruir o amor. Há muitos anos tivera os seus sentimentos de mulher dilapidados e, desde então, procurava a paz, que parecia dela fugir.
Que fazer, perguntava, para viver a felicidade?
O Mestre perpassou o olhar pela paisagem e lhe falou: Observa a terra arrebentando-se em flores, frutos e verdor, o rio cantante, enriquecendo as margens de vida, os astros fulgurando ao longe.
Em tudo, a ordem, o amor, a transparência da misericórdia do Pai, ensinando equilíbrio e vida.
Em tudo vige a Sabedoria do Criador. Assim, não relaciones dores, nem mágoas. Levanta o olhar e avança para o futuro.
Senhor, prosseguiu a mulher, entendo a grandeza Divina na Criação. No entanto, eu me equivoquei e do meu equívoco me nasceu um filho. Ele é meu motivo de inquietação e desespero.
Mais doce que nunca, Jesus lhe respondeu: A mulher é sempre mãe.
A relva que cresce sobre os escombros oculta as suas deformidades e disfarça as suas imperfeições.
Quando a mulher é abençoada por Deus, pela maternidade, um filho é sempre uma estrela engastada na carne, com a oportunidade de espalhar claridade pelo caminho.
Enquanto houver, na Terra, crianças e mães, o Amor Divino estará cantando esperanças para a Humanidade.
Não existe filho do equívoco, do delito ou do pecado. Todos eles são dádivas da Vida para a vida.
Esquece as circunstâncias em que te chegou o anjo que te bate à porta do sentimento. Levanta-te com ele, avançando no rumo das estrelas.
A mulher, emocionada, procurou os olhos de Jesus, por entre a nuvem de lágrimas que encobria sua visão.
Levantou-se com uma discreta reverência, e preparou-se para partir.
Ela não saberia dizer se O ouviu falar ou se O escutou no imo d’alma.
Vai filha, e ama.
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A maternidade é a mais elevada concessão de nosso Pai, demonstrando que o mal jamais triunfará no mundo. Porque, enquanto houver um coração de mãe, um sentimento maternal, na Terra, o amor ateará o fogo purificador e a esperança de felicidade jamais se apagará.
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Dizem que mãe não tem limite. É como tempo sem hora, luz que não se apaga quando sopra o vento ou a chuva desaba.
É veludo escondido na pele enrugada. É água pura, ar puro, puro pensamento.
Um poeta ousou dizer que a palavra é pequenina, mas mãe é do tamanho do céu e apenas menor que Deus!
Redação do Momento Espírita, com base no versículo 25, do cap. 21 do
Evangelho de João; no cap. 5 do livro Há flores no caminho, pelo Espírito Amélia
Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL; no poema Mãe, de
Mário Quintana e no poema Para sempre, de Carlos Drumond de Andrade.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 18, ed. FEP.
Em 22.7.2013.