Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Ciúme sem razão

Por vezes, agimos como crianças, com relação às pessoas que nos cercam.

Imaginamos que não gostam de nós, que desejam nossa infelicidade, nossa queda.

Importante não estabelecer pré-julgamentos em nenhuma situação, por mais que os fatos conspirem a favor.

Nem sempre será possível descobrir os sentimentos dos outros pelas aparências.

Há pessoas que não conseguem exprimir seus sentimentos e dão impressão de frieza ou indiferença.

Por essa razão é que o pré-julgamento é altamente prejudicial.

Dessa forma, se for preciso imaginar os sentimentos dos outros, façamos esforços para cogitar sempre o melhor.

O ciúme produz o câncer da suspeita, transformando os sonhos da esperança em pesadelo cruel, que se converte em enfermidade demorada, que somente corrói interiormente.

E nos mantém distanciados, por vezes, de pessoas afetuosas, de caráter nobre.

*   *   *

Verônica era assim. Tinha muito ciúme da caçula, do seu sorriso charmoso, da sua personalidade cativante e de todos os demais talentos, que ameaçavam seu lugar como filha principal.

Por isso, ela competia, silenciosamente, com a irmã. No entanto, somente via crescer as habilidades naturais dela.

Por causa desse ciúme silencioso, raramente se falavam. Verônica procurava oportunidades para criticá-la e superar seus feitos.

Certo dia, sem saber explicar como, ela tropeçou no diário da irmã.

Verônica não mediu consequências. Não considerou a privacidade, a moralidade de suas ações, nem seus sentimentos.

Apenas saboreou a chance de encontrar segredos suficientes para sujar a reputação da que considerava sua concorrente.

Raciocinou que seria seu dever, como irmã mais velha, verificar suas atividades.

Apanhou o diário e o abriu. Folheou as páginas, procurando por seu nome, convencida de que descobriria tramas e calúnias.

Quando encontrou, o sangue gelou em seu rosto. Era pior do que ela suspeitava.

Sentiu-se tão fraca que precisou se sentar. Não havia nenhuma conspiração, nenhuma difamação.

Havia uma descrição sucinta de si mesma, dos objetivos e sonhos de uma garota de treze anos, seguidos por um curto resumo da pessoa que mais a inspirava.

Foi então que Verônica começou a chorar.

Ela era a heroína da caçula, que a admirava por sua personalidade, suas realizações. Ironicamente, por sua integridade.

Ela queria ser como a irmã mais velha. Por anos, a tinha observado, maravilhando-se com as escolhas e ações delas.

Verônica parou a leitura, golpeada pelo crime que havia cometido.

Ela tinha perdido tanta energia para manter a irmã fora do seu caminho...

E, agora, pior que tudo, violara a sua confiança.

Lendo as sérias palavras do diário, pareceu-lhe derreter uma barreira gelada em seu coração e desejou conhecer a irmã, de verdade.

Finalmente, podia pôr de lado a insegurança tão boba que a fizera manter-se distante.

Naquela tarde, quando conseguiu se sustentar sobre as próprias pernas, decidiu ir até a mais nova.

Dessa vez, queria conhecer em vez de julgar, queria abraçar em vez de lutar.

E, por fim, viverem como verdadeiras irmãs.

  Redação do Momento Espírita, com base em texto
de Elisha M. Webster, traduzido por Sérgio Barros.
Em 27.10.2022.

 

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