Momento Espírita
Curitiba, 24 de Novembro de 2024
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 Na cidade de Uberlândia, Minas Gerais, a televisão mostrava um jovem singular.

Portador de enfermidade degenerativa, estava no leito há mais de 13 anos, paralisado, na mesma posição.

O apresentador lhe fez a última pergunta para encerrar o programa. Pediu-lhe que, em um minuto, definisse o que é a felicidade.

O rapaz sorriu, pensou um pouco, e respondeu com simpatia:

Olha, amigo, para mim, que estou há tantos anos deitado de costas nesta cama, sem outro movimento a não ser o dos lábios e dos olhos, a felicidade seria poder deitar um pouco de bruços ou então de lado.

Ambos riram e a entrevista foi encerrada.

No dia seguinte, o jovem paralítico recebeu a visita de uma senhora, na casa onde estava hospedado.

Ela estava um tanto inquieta, desejava falar-lhe com certa urgência, antes que ele se fosse da cidade, pois não residia em Uberlândia.

Levada pelos anfitriões, a senhora acercou-se da cama móvel do rapaz e disse emocionada:

Eu assisti ontem a sua entrevista na TV e gostaria de lhe dizer que você me fez ver a vida de forma diferente.

Estava, já há algum tempo, enfrentando séria crise existencial...

Tenho uma vida que considero dentro dos padrões de normalidade. Sou saudável e tenho uma situação financeira satisfatória mas, nos últimos tempos, viver não tem mais sentido.

Embora aparentemente tenha tudo para ser feliz, desejava pôr um fim nessa vida vazia que levo.

Quando vi você nessa cama, viajando pelo Brasil afora, levando esperança e consolo às pessoas que sofrem, comecei a refletir com mais seriedade sobre a vida.

Afinal, pensei, eu posso dormir na posição que deseje, mover-me para o lado que quiser, andar, correr, saltar e, por esse motivo, eu já deveria ser mais feliz que você, não é mesmo?

O rapaz dialogou com ela por mais alguns minutos, contou-lhe casos engraçados da sua própria desgraça e ambos riram muito.

A senhora se foi e o jovem, carcereiro de um corpo deformado, ficou meditando a respeito de como Deus é justo e misericordioso.

De como lhe havia concedido a oportunidade de, com o seu exemplo, confortar e consolar outras pessoas que perderam a vontade de viver, ao mesmo tempo, iluminar a própria intimidade com resignação e coragem.

Ele sentia, nas profundezas do seu ser, que estava recebendo conforme suas obras, como afirmara Jesus, mas tinha a vontade férrea de espalhar sementes boas, apesar das dificuldades e limitações físicas.

*   *   *

As deformidades do corpo nem sempre denotam deformidade da alma.

Existem almas deformadas, albergadas em corpos saudáveis e belos, e há Espíritos saudáveis detidos em corpos deformados.

Também há Espíritos destrambelhados em corpos igualmente em desalinho.

Seja qual seja a situação, não há o que lamentar pois todos estamos em processos de aprendizados valiosos, que não merecem ser desperdiçados nem lamentados.

Redação do Momento Espírita com base no cap.
Um caso interessante, do livro Crepúsculo de um
 coração, de Jerônimo Mendonça.
Em 26.04.2010.

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