Ouvindo atentamente os jovens que frequentam as salas de aula pode-se perceber que, salvo raras e honrosas exceções, há grande lacuna entre os alunos e seus mestres.
Isso ocorre porque nem sempre aqueles que têm o dever de ensinar e orientar estão preparados para esse mister.
Poucos são os mestres que conseguem acessar a intimidade de seus educandos, a fim de extrair, da alma que pretendem orientar, suas verdadeiras necessidades.
Poderíamos dizer, parafraseando o Evangelho, que são cegos conduzindo cegos.
Se o professor não tiver lucidez quanto à responsabilidade que lhe cabe na tarefa de educar, de formar o cidadão, não será um bom mestre.
O que geralmente ocorre é uma intensa tortura por parte dos educadores.
Recentemente um jovem, estudante de Direito, contou que alguns de seus professores fazem terrorismo com os alunos.
Um deles chegou a dizer: Vocês são todos uns incompetentes. Eu ainda vou pisar no pescoço de vocês lá fora, quando tiverem que me enfrentar num tribunal.
Um dos alunos olhou calmamente para o professor e lhe disse: Se isso acontecer ficará provada a sua falência como mestre.
O arrogante e inseguro advogado, tentando disfarçar a própria raiva, perguntou: Como assim?
E o aluno, mais sábio que seu orientador, disse: Sim, porque a nossa incompetência será a prova de que não tivemos um bom mestre.
Sem um argumento que pudesse derrubar essa verdade incontestável, o professor se calou.
O profissional que age dessa maneira prova sua insegurança, seu medo da concorrência, que seus alunos podem representar no mercado de trabalho e deseja esmagar seus sonhos de ser um bom profissional.
Esses terroristas das salas de aula deveriam repensar sua missão de educadores e ajustar o ângulo de sua visão.
Esquecem-se de que a maior prova de que são bons mestres será o desempenho de seus pupilos.
Lamentavelmente, uma parcela desses educadores não se dá conta disso.
São homens frustrados, inseguros, que temem perder seu salário para os novos profissionais que entrarão no mercado de trabalho. É só o que se pode deduzir de atitudes como essas.
Aliás, a única coisa que interessa para pessoas que agem assim é o salário. O cumprimento da missão de orientar almas não é levado em conta.
Se você é professor, considere que, para ser um mestre verdadeiro é preciso fazer mais do que simplesmente passar informações, avaliar e dar notas aos educandos.
Você precisa, primeiramente, despertar o interesse dos jovens para sua autoeducação, motivando-os ao aprendizado.
Você precisa adivinhar os sonhos secretos dos jovens e ajudar a torná-los realidade.
Você precisa descobrir seus medos e inseguranças e inspirar-lhes autoconfiança.
Você precisa analisar suas tendências e aptidões e orientá-los em suas escolhas.
Você pode lhes dizer que são capazes de grandes realizações, mesmo que as circunstâncias conspirem contra.
Você, como mestre, tem nas mãos potentes ferramentas para a construção de um mundo melhor. Basta usá-las com nobreza, fidelidade e lucidez, sem pressões nem terrorismos.
* * *
Que tipo de semente você está semeando nos corações dos seus alunos?
Pense que essas sementes germinarão e frutificarão e você será co-responsável pelos frutos, sejam eles saborosos ou não.
Pense nisso e procure desempenhar com fidelidade a importante tarefa de iluminar mentes, que o Criador do Universo lhe confiou.
Lembre-se que chegará o dia em que você terá que prestar contas da sua administração, conforme assegurou o Mestre de Nazaré.
Lembre-se, ainda, que hoje é o melhor momento de lançar ao solo receptivo dos corações juvenis as boas sementes.
Redação do Momento EspíritaEm 22.08.2011.