Momento Espírita
Curitiba, 14 de Novembro de 2024
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ícone A banalidade das bênçãos

Alguém escreveu que a gratidão é um sentimento, mas também é uma entidade divina que nos protege e nos vivifica.

De um modo geral, enfatizamos que devemos ser gratos a pessoas pelo que nos oferecem, pelo que representam em nossas vidas, em termos de aconchego, apoio, benefícios.

Entretanto, existem muitas coisas pelas quais esquecemos de agradecer. Não por simples ingratidão mas porque fazem parte do nosso diário. E por isso nos parecem banais.

Ao despertarmos, nos espreguiçamos e nos erguemos do leito, movimentando as pernas.

Alongamo-nos e nos encaminhamos para o banho. Água na temperatura ideal: quente, morna, fria. Conforme nossa preferência.

Por vezes, nos permitimos ficar um pouco mais debaixo do chuveiro, sentindo o prazer da água escorrendo, como a lavar nossas preocupações.

A primeira refeição da manhã nos aguarda, com cereais, frutas, suco, café ou chá. Ou talvez somente um pão com manteiga e um café quentinho. A escolha é nossa.

Já usufruímos maravilhas e nem nos ocorre agradecer.

Esquecemos que esses nossos privilégios para alguns são algo inimaginável.

Pensemos nos que sofrem de paralisias graves, os que se encontram confinados a um leito, vencidos por enfermidades cruéis.

Os que não sentem os braços, as pernas, que não têm cama e para quem o banho é um luxo que não podem usufruir. Os que não têm café da manhã, nem com pão amanhecido para quebrar o jejum.

Anestesiados pela banalidade do bem, até nos permitimos reclamar da vida.

Reclamamos da agenda lotada, na qual faltam horas no dia para tudo atender.

Reclamamos do trânsito caótico, esquecidos de que devemos ser gratos por dispor de um meio de locomoção próprio ou coletivo.

Afinal, existem pessoas que precisam caminhar quilômetros para chegar ao local de trabalho, à escola, ao hospital.

Bênçãos e mais bênçãos.

Respiramos, mesmo que seja o ar não tão puro das cidades, enquanto pacientes com enfisema não conseguem respirar.

Nada nos deveria ser banal na vida.

Quando nos acudir à mente o volume das contas a pagar, dos problemas a resolver, agradeçamos, ainda, pela capacidade de pensar.

Existem muitos que já não dispõem dessa oportunidade, imersos em enfermidades que lhes consumiram essa condição.

Aprendamos a agradecer por tudo que usufruímos todo dia, a cada dia.

Andar, pensar, comer, sentir o sabor de cada porção que levamos à boca.

Viver é uma bênção. Ser agraciado com tantas coisas a cada hora deve nos constituir dever de gratidão.

Se não podemos resolver a paralisia de alguns, a fome de outros, ao menos aprendamos a agradecer o que temos.

E comecemos nosso dia trocando as queixas e as preocupações pela gratidão.

Se estamos ouvindo estas considerações, agradeçamos pela nossa audição. Mesmo que, por vezes, tenhamos que ouvir críticas dos nossos superiores, dos nossos companheiros de atividade, dos nossos clientes.

Agradeçamos pelo trabalho que nos deixa exaustos ao final do dia. Poder trabalhar é uma bênção. Da tarefa mais simples à mais sofisticada, uma alegria.

Agradeçamos pela banalidade das coisas comuns... tão extraordinárias para nossa vida.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo
 
A banalidade do bem, de Eugenio Mussak, da Revista
 Vida Simples, ano 21, edição 257, de 2023.
Em 13.11.2024

 

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