Momento Espírita
Curitiba, 28 de Novembro de 2024
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ícone Nosso irmão

Ela era arrimo da família desde cedo. Com a desencarnação do pai, de forma súbita, vitimado por um infarto, ela assumira totalmente o lar.

Trabalhava para prover às necessidades da mãe e do irmão, mais novo que ela.

No entanto, os anos foram se sucedendo e o irmão acomodou-se. Abandonou a escola, não concluindo o ensino médio.

Também não se preocupou em procurar alguma ocupação que lhe garantisse o próprio sustento ou mesmo um auxílio no lar.

Ela foi se cansando.  Um dia, de alma sofrida, confidenciou ao coordenador da atividade religiosa a que comparecia, com assiduidade, as suas dificuldades.

Era sozinha para tudo. O irmão não colaborava, restringindo-se a usufruir do que ela oferecia. E não a acompanhava ao templo, não participava, sequer, dos momentos de prece no lar.

Ele era avesso a tudo. Ela deixou que o mar das lágrimas extravasasse da sua intimidade. Aguardava palavras de conforto, de encorajamento que lhe permitissem a continuidade das lutas, sem denodo.

O que ela ouviu, no entanto, saindo da boca daquele a quem admirava pelo conhecimento profundo da doutrina que esposava e pela maneira como elucidava as passagens evangélicas, a deixou em choque.

Mande-o embora de casa. Se ele não trabalha, não estuda, não participa nem do culto do Evangelho no lar, diga que vá embora. Quem não colabora, não merece receber nada.

Ela foi para casa, levando a morte dentro de si. Buscara aconchego e recebera uma sentença terrível para a sua vida e do próprio irmão.

Como poderia expulsar de casa o irmão? Então, não ensinava a lúcida doutrina que nascemos na mesma família para nos apoiarmos, nos auxiliarmos?

Ela imaginou jogar o irmão na rua. E pensou: Será que nas noites frias, quando eu for, com nosso grupo de atendimento, levar a sopa aos moradores de rua, encontrarei meu irmão no meio deles?

Como poderei falar em caridade, em amor ao próximo se eu rechaçar o próximo mais próximo, meu próprio irmão? Como posso me arvorar em querer resgatar os que vivem perdidos no mundo, se eu não fizer um esforço para com quem está tão próximo de mim?

Foi repassando, em sua mente, lições lidas e ouvidas. Aprendera que existem Espíritos rebeldes que nascem ao nosso lado para que os resgatemos, os orientemos, lhes mostremos a luz.

O membro problemático na família é, antes de tudo, filho de Deus. As leis divinas nos dizem que o devemos amar e suportá-lo, tanto quanto nos seja possível.

E nosso dever é insistir na reeducação, na orientação, que jamais se perderá.

Um dia, afirmam os Espíritos do bem, tudo se resolverá, nem sempre como se desejaria, porém, como pode ser ante as leis do Grande Pai.

A jovem desconsiderou a orientação intempestiva que recebera.

E, quase adentrando os anos da velhice, pôde assistir à transformação do irmão querido.

Ele se casou, constituiu sua família e se converteu, para ela mesma, em cooperador.

Valeu a pena, confessa ela. Valeu a pena investir, não desanimar, não desistir.

Valeu a pena mantê-lo ao meu lado, amando, acolhendo e esperando em Deus a transformação.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 17,
 do livro
Vereda Familiar, pelo Espírito Thereza de Brito,
 ed. Fráter.
Em 7.11.2024

 

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