Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Pessoas impiedosas

 Você se considera uma pessoa impiedosa?

Impiedade quer dizer falta de piedade, crueldade, desumanidade.

Talvez você nunca tenha pensado nisso ou até se ache uma pessoa piedosa, mas vale a pena refletir antes de responder.

Se você nunca fez nenhum comentário maldoso sobre alguém, se nunca matou a esperança de alguém, se jamais disse palavras ásperas a ninguém, talvez você possa responder negativamente.

*   *   *

Algumas pessoas, ditas piedosas, estavam no velório de um amigo da congregação religiosa de que faziam parte.

Aproximaram-se do caixão e viram que o cadáver estava vestido com um smoking aparentemente novo.

Como se achavam muito caridosas, passaram a fazer comentários maldosos, alegando que não entendiam como ele poderia fazer uma coisa dessas. Afinal, quantos pobres precisando de um agasalho e ele sendo enterrado com um traje de alto preço.

A conversa se espalhou e logo chegou aos ouvidos da viúva, como se já não bastasse o seu sofrimento.

Em princípio ela ignorou os falatórios mas, depois não achou justo que seu marido fosse julgado e condenado por um crime que não cometera.

Então, antes de cerrarem o caixão, ela pediu a palavra e deu a seguinte explicação:

Meu marido foi um homem muito generoso. Sempre se preocupou com aqueles que passavam por necessidades e procurava ajudá-los.

Antes de morrer ele me pediu, discretamente, para que o enterrasse com um traje que ele usou apenas uma vez na vida e que não serviria para ninguém.

Pediu-me também para distribuir todas as suas demais roupas para quem delas precisasse.

Por essa razão, meus amigos, é que ele está vestindo este smoking, que não teria utilidade nenhuma para os pobres que ele sempre ajudou.

Todas aquelas pessoas, impiedosas, que fizeram comentários cruéis, não foram capazes de se retratar, apenas se calaram.

*   *   *

Numa oportunidade, Benedita Fernandes, uma trabalhadora dedicada à causa dos pobres, na cidade de Araçatuba, Estado de São Paulo, foi convidada a participar de uma reunião das senhoras da alta sociedade que desejavam fazer um planejamento de assistência aos necessitados.

Como Benedita já realizava, há algum tempo, um eficiente serviço junto à comunidade pobre, recebeu o convite para opinar e levar suas experiências.

Era uma tarde quente e a velha Benedita chegou ao chá das senhoras, ditas caridosas, vestindo um casaco de pele.

As madames torceram o nariz ao notar que aquela mulher não sabia sequer se vestir de acordo com a ocasião e o clima.

Ouvia-se comentários como: Será que ela quer se exibir, pensando que não temos também casacos de pele?

Veja como transpira! Esta velha esnobe quer dar uma de chique.

Vamos obrigá-la a tirar o casaco, pois estou suando só de vê-la, comentou uma delas.

Façamos isto, concordou a maioria.

Dona Benedita, sem saída, tirou o casaco e o espanto foi geral. Seu vestido, muito simples e surrado, causou mais espanto ainda.

Muito sem jeito, ela se explicou às damas da caridade:

Este casaco de pele foi doado para nossa obra e como ainda não conseguimos vendê-lo, resolvi usá-lo hoje, para não envergonhar as senhoras, com minha pobreza.

Eu não tenho roupas boas para uma ocasião como esta, por isso coloquei este casaco para encobrir meus andrajos e não chocar as senhoras. Desculpem-me se lhes causei tanto desconforto.

*   *   *

Se você deseja ser uma pessoa realmente piedosa, pense muito bem antes de tecer comentários sobre o que desconhece.

Muitas vezes nossa língua tem sido motivo de muita dor e sofrimento para as pessoas que caminham ao nosso lado.

Pense nisso, e depois responda a si mesmo se é ou não uma pessoa impiedosa.

Redação do Momento Espírita, com base em histórias narradas
 por Raul Teixeira, em palestra proferida na Comunhão
Espírita Cristã de Curitiba-PR, no dia 11.04.2002.
Em 17.08.2009.

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