A indignação é necessária para marcar a nossa repulsa contra atos deliberados de rebelião ante as leis do Senhor.
Vivemos tempos de indignação e de indignados.
Notícias nos deixam transtornados. Imagens, vídeos que correm pelos meios de comunicação nos deixam perplexos diante de tantos absurdos.
Muitas coisas que não imaginávamos que ainda acontecessem neste mundo lá estão, deixando claro que vivemos num planeta em crise, doente, em transformação.
Uma vez indignados, não satisfeitos, precisamos então indignar os outros. Por isso, espalhamos as notícias, muitas vezes sem conhecimento total dos fatos, disseminando uma espécie de mal-estar para mais e mais pessoas.
A indignação é necessária. Ela marca a nossa repulsa. Ela mostra que aquele mal não está mais dentro de nós e reforça nossa proposta de jamais fazermos algo assim.
A indignação é um vigia interno, ainda natural em nós, mas que precisa ser passageiro. Ou, ao menos, precisa ser transformado em algo maior com urgência.
Notemos que, toda vez que permanecemos na mera indignação e prolongamos esse sentimento em nós, disseminando-o para outros, nos tornamos um pouco mais do mesmo mal, apenas de forma diferente.
Se a indignação não for convertida em algo útil para todos, algo que produza o bem, ela acaba se tornando um mal ou um nada.
Você viu? Olha que absurdo! Gente, fiquei pasmo com isso!
Percebamos como, quase sempre, estamos sendo apenas os críticos de plantão, observando as situações por nossa cômoda janela, enquanto não ajudamos em nada.
Pelo contrário, atrapalhamos. Vibramos mal, tornamos o ambiente espiritual do planeta, da cidade, de nosso entorno, mais pesado, mais difícil.
Não somos capazes de realizar uma prece por aqueles que estão em desequilíbrio, que cometem esse ou aquele desatino que nos chocou.
Lembremos que os doentes precisam de remédio, não de nossa repulsa, de nossas acusações ou condenações imediatas.
Indignação constante nos leva ao pessimismo, nos leva a um falso ar de superioridade, exalando falta de fraternidade.
Ante a manchete do jornal, por mais que possamos afirmar que jamais teríamos esse comportamento que nos escandaliza, lembremos que nem sempre fomos assim.
Se hoje estamos mais esclarecidos, ontem não estávamos. E, talvez, tenhamos cometido desatinos, para os quais as leis maiores nos viram com compaixão.
Antes de julgar, importante fazer o exercício do será. Será que numa situação idêntica a essa, na mesma condição de entendimento e de vida daquelas pessoas, não faríamos o mesmo?
Vale a pena analisar nossa indignação, da próxima vez que ela aparecer muito inflamada. Pode sinalizar algo mais, disfarçado sutilmente de um espelho em que nós mesmos nos vemos.
Pode ser um mecanismo de defesa do ego.
Compaixão. Talvez com o tempo a indignação deva se transformar em compaixão, pois esse valor da alma é muito mais nobre.
Ela não deixa de perceber as infrações à lei maior, ao respeito, à fraternidade. Mas se propõe, de imediato, a não condenar infração ou infratores.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita
Em 5.8.2024
Escute o áudio deste texto