Havia um aluno muito agressivo e inquieto naquela escola.
Ele perturbava a classe e arrumava frequentes confusões com os colegas.
Era insolente e desacatava a todos. Parecia sentir prazer em perturbar. Onde ele estivesse, podia-se ter a certeza de alguma confusão.
Repetia os mesmos erros com frequência.
Parecia incorrigível.
Os professores não suportavam mais sua presença.
Chegaram a planejar expulsá-lo do colégio.
Foi então que entrou em cena um professor que resolveu investir naquele jovem.
Disseram que seria perda de tempo. Tratava-se de um caso perdido, sem solução.
Mesmo não tendo apoio de seus colegas, o professor começou a procurar o aluno nos intervalos das aulas para conversar.
No início, era apenas um monólogo, só o professor falava.
Aos poucos, ele começou a envolver o jovem com suas próprias histórias de vida e com suas brincadeiras.
De modo gradativo, os dois construíram uma ponte entre seus mundos.
O professor descobriu que o pai do rapaz era alcoólatra e espancava o garoto e sua mãe.
Compreendeu que embora ele parecesse insensível, já tinha chorado muito.
Entendeu que a agressividade que exteriorizava na escola, era uma reação desesperada de quem pedia ajuda.
Só que ninguém, até então, havia decifrado sua linguagem.
Era mais fácil julgá-lo do que entendê-lo.
Sua agressividade era um eco da violência que recebia. Era a manifestação da sua própria incapacidade de reverter a situação no lar.
Ele não era réu, era vítima.
Seu mundo emocional não tinha cores.
Não lhe haviam dado o direito de brincar, de sorrir e de ver a vida com confiança.
Agora estava quase perdendo também o direito de estudar, de ter a chance de progredir.
Estava para ser expulso do colégio.
A partir das conversas com o professor, o jovem se sentiu querido, apoiado e valorizado, pela primeira vez na vida.
De forma paciente, o professor passou a lhe educar as emoções.
Em poucas semanas, todos estavam espantados com a mudança ocorrida.
O rapaz revoltado começou a demonstrar respeito pelos outros.
Abandonou sua agressividade e passou a ser afetivo.
Cresceu e tornou-se um aluno extraordinário.
Tudo isso porque alguém não desistiu dele.
* * *
Professores ou pais, todos queremos educar jovens dóceis e receptivos.
Queremos ver brotar diante de nossos olhos as sementes que semeamos.
No entanto, aparecem jovens que nos desapontam, que testam nossa qualidade de educadores.
Temos filhos complicados que testam a grandeza do nosso amor.
Surgem alunos insuportáveis que provam nossa capacidade de humanismo como mestres.
Se pertencermos ao rol dos pais brilhantes e professores fascinantes não desistiremos dos jovens, mesmo que eles causem frustração e não nos deem o retorno imediatamente esperado.
Paciência é o segredo.
A educação do afeto é a meta.
Os alunos que mais decepcionam hoje poderão ser aqueles que mais alegrias nos trarão no futuro.
Basta investir tempo e dedicação a eles.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5 do
livro Pais brilhantes - professores fascinantes,
de Augusto Cury, ed. Sextante.
Em 29.7.2024
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