Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Três tempos

Passado, presente e futuro.

Lidamos com essa trilogia a todo instante.

Nossa noção de tempo influencia diretamente a qualidade de vida que temos. E, como consequência, nossa saúde física e mental.

Muito se fala, se discute e ainda se pensa a respeito desse trio.

Como lidamos com essas três instâncias?

O tempo realmente existe? Ou é apenas uma percepção?

Santo Agostinho, em seus escritos, teve a ousadia de indagar: Quem seria capaz de explicá-lo de maneira breve e fácil?

Que é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu o sei. Mas se me perguntam, e quero explicar, não sei mais nada.

Aurélio Agostinho de Hipona foi um grande teólogo e filósofo dos primeiros séculos do Cristianismo.

Ele nos inspira a refletir sobre as implicações diretas de nossas concepções de tempo em nossos pensamentos, sentimentos e atos.

Em outro brilhante trecho, aponta ainda:

O que agora transparece é que não há tempos futuros nem pretéritos. É impróprio afirmar: os tempos são três: pretérito, presente e futuro.

Mas talvez fosse próprio dizer: Os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das presentes, presente das futuras.

Existem, pois, esses três tempos na minha mente, que não vejo em outra parte: lembrança presente das coisas passadas, visão presente das coisas presentes e esperança presente das coisas futuras.

Se me é lícito empregar tais expressões, vejo então três tempos e confesso que são três.

Lendo ou ouvindo, de forma rápida, parece até confuso. Mas pensemos juntos:

O presente das coisas passadas: observemos o quanto das coisas passadas, presentes no agora, influenciam nossas vidas.

Quanto e como elas têm comandado nossos passos, como têm nos ditado ações, diariamente.

Por vezes, o presente das coisas passadas é tão forte, tão determinante, que mal sabemos diferenciar os tempos. São aqueles de nós que vivemos no passado, conforme a expressão popular.

Somos os saudosistas, aqueles que acreditamos que tudo era melhor antes.

O presente das coisas presentes nos convida ao foco, à presença em tudo que estamos realizando.

Termos atuais como flow, engajamento, buscam explicar esses momentos em que o tempo parece parado.

Há uma combinação perfeita de foco, presença por inteiro e satisfação com o que fazemos.

O presente das coisas futuras nos aponta a esperança presente do que ainda virá. Fala-nos não de uma antecipação, de uma ansiedade do que está ou não por vir, mas de certa confiança, do fato de que o coração se tranquiliza ao saber que há um adiante.

A certeza de uma continuidade de tudo, de uma perpetuidade das coisas faz com que o presente das coisas futuras seja uma chama na alma, uma força para enfrentar o que venha pela frente.

Como cuidamos desses três tempos? Como temos convivido com esses três presentes?

Talvez para alguns possa vir a imagem do malabarista, buscando lidar com três bolinhas no ar, ou dos pratos giratórios equilibrados na ponta de hastes.

Três tempos. Três presentes. Três agoras.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. XI, 20, 26.9
 do livro
Confissões, de Santo Agostinho, ed. Vozes.
Em 24.6.2024

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998