Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Eu gritei de volta

A tirinha desenhada em papel mostra um menino, acompanhado de sua amiga borboleta.

Ele percebe que ela está diferente e pergunta:

Você está chateada?

Sim, responde ela, cabisbaixa.

Porque eu gritei com você? - Pergunta ele em seguida.

Não. - Diz ela.

Por que, então?

Porque eu gritei de volta. - Termina por responder a amiga, envergonhada.

*   *   *

Que singela ilustração para demonstrar que o mal que mais nos atinge não é aquele que fazem contra nós, mas aquele que provém de nós mesmos.

Quando devolvemos o mal que recebemos, estamos no mesmo nível daquele mal.

E não falamos em descer ao nível do ofensor. Afinal, quem somos nós para dizer em que nível cada pessoa se encontra. Quem somos nós para fazermos essa afirmação e outras semelhantes, como se tivéssemos o conhecimento pleno do caráter do outro.

O mais correto é nos darmos conta de que, se aceitamos o mal que nos é oferecido, significa que sintonizamos com ele e estamos no mesmo nível daquele sentimento.

Perguntemo-nos: Se alguém nos oferta um presente e não aceitamos, de quem é o presente?

Assim, o simbólico gritar de volta significa que fomos capturados pelo mal naquele instante.

Em algumas situações, isso pode ser resolvido rapidamente, quando ambos os lados reconhecem que se equivocaram e se mostram dispostos a agir de maneira diversa, mais polida, educada.

De outras vezes, torna-se o estopim de problemas graves, em que o vai e volta do gritar não para nunca, ganha volume e complexidade.

Lembremos de quantas dificuldades de relacionamento se iniciam com palavras mal colocadas, ditas em momentos de exasperação, de descontrole. E, em seguida, vem o contra-ataque, em escala maior, mais agressiva.

Recordemos o que pode causar um gritar de volta, num simples desentendimento no trânsito ou numa via pública.

Sabemos de pessoas que acabaram com as vidas umas das outras pelo simples fato de não saberem se controlar, indo do verbo exasperado às ofensas, até a agressão física.

Será, então, que o caminho é não gritar de volta? Será que nos compete guardar a raiva, manter escondido o sentimento ruim que nasce em nós?

Com certeza, isso nos fará mal, porque estamos guardando no cofre da alma tudo aquilo que nos feriu. E continuará ali, ferindo.

A grande questão é, antes de tudo, não permitir que o mal que venha de fora se torne um mal dentro de nós.

Se o desequilíbrio é do outro, se o ódio é do outro, por que o absorvemos?

Ele só será nosso se encontrar eco em nossa alma.

Talvez tenha sido por isso que a borboleta tenha ficado chateada num primeiro momento, por ter percebido que ainda havia ressonância daquilo dentro dela, o que não precisa ser motivo de vergonha ou culpa.

Se constatarmos isso, eis a chance de saber o que precisa ser tratado em nós, o que precisa de remédio.

Da próxima vez que nos desequilibrarmos lembremos dessa passagem leve, singela, e nos perguntemos: Por que gritamos de volta?

Será que não há outro caminho? Será que o bem não é capaz de encontrar outras vias?

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita com base em história
 do livro
Téo e o Minimundo, o livro, de Caetano Cury,
ed. Primeiros Estudos. 
Em 31.5.2024.

 

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