É assim quando se viaja em férias, seja para a praia mais próxima, seja para locais distantes.
Nos primeiros dias, tudo é novidade e chegamos a dizer: Bom seria se pudéssemos viver sempre assim, sem precisar retornar à rotina.
Encantamo-nos com as cachoeiras, com o ruído ensurdecedor das quedas d'água, a vegetação abundante.
Ou aproveitamos as manhãs para longos passeios, descalços, na orla da praia, ouvindo o mar murmurando segredos ou cantando hinos desconhecidos.
O sol estendendo raios de luz enquanto a brisa brinca com nossos cabelos e despenteia a cabeleira das árvores, logo adiante.
Talvez nos deliciemos com as avenidas arborizadas de grandes metrópoles.
Adentramos templos religiosos, construídos em lugares que nos parecem inacessíveis, no alto de penhascos.
Paisagens inesquecíveis de monumentos dourados brilhando ou recortando o céu com suas altas silhuetas, marcados pelos longos anos de intempéries.
Admiração pela arquitetura de templos com suas cúpulas imitando capacetes ou a chama de uma vela, como uma língua de fogo afinando em direção à cruz bem no cume.
Ainda as que apresentam cúpulas azuis, com estrelas, em templos dedicados ao nascimento de Jesus ou à Sua mãe.
Belezas, curiosidades. Queremos ver mais e mais e descobrir, nos detalhes, a História do povo, a sua cultura, os seus costumes.
Passam os dias. Vamos de hotéis grandes a menores, a pousadas. Dos grandes centros aos vilarejos que transpiram tempos não apagados.
Então, certo cansaço parece ir se apresentando.
Os passeios já não são tão arrebatadores. Tudo é maravilhoso. Mas o coração fala de saudades.
Saudades de nosso lar, dos amores que não estão viajando conosco, dos amigos que deixamos em nossa cidade.
Saudades de coisas que nem sabemos mesmo o que sejam. Falam alto.
O entusiasmo nos toma mais um dia. Depois, vem de novo aquela saudadezinha...
* * *
Podemos comparar nossa vida na Terra a uma viagem cultural, de aprendizado de tudo que nos possa permitir a jornada.
Uma viagem que pode durar décadas. Iniciamos com o entusiasmo das conquistas dos bancos escolares até as especializações de toda ordem.
Podemos nos encantar com a doçura matrimonial, a felicidade inigualável da paternidade, a engenhosidade da maternidade nos permitindo ilustrar outras mentes que vêm nos compor o lar.
Aprender, educar e educar-se. Encantar-se com todas as belezas de um mundo preparado há milênios por um Mestre de amor, ao comando do Pai Criador.
Tudo tão arrebatador. Cores, sons, flores, rios, livros, lauréis.
Amamos viver. A vida é uma bênção, mesmo que, por vezes, firamos os pés na caminhada e alguns espinhos se cravem em nossa alma.
Cada dia é diferente, com uma nova perspectiva.
Mas, por vezes, bate a saudade do lar. Do verdadeiro, daquele que deixamos quando viemos estagiar por aqui.
É justo que sintamos saudade do que deixamos, dos amores que ficaram do outro lado.
No entanto, como nas viagens turísticas, aguardemos o tempo certo para o retorno. Passaporte à mão, bagagem arrumada para um retorno tranquilo.
Pensemos a respeito.
Redação do Momento Espírita
Em 29.5.2024.
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