Momento Espírita
Curitiba, 24 de Novembro de 2024
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ícone Remorso e autopunição

Não posso me perdoar. Se eu tivesse chegado antes, teria evitado a tragédia.

Se eu não tivesse falado, isso não teria acontecido.

Essas são expressões que se ouvem, vez ou outra, ante mortes acidentais ou provocadas.

A promotora pública se questiona se foi dura demais ao denunciar as ações equivocadas do colega de trabalho, quando recebe a notícia de que ele optara por fugir da vida, a fim de evitar as consequências dos seus atos.

O marido, que prometera à esposa ir para casa após o show que faria, entra num processo de autopunição porque preferiu ficar com os amigos e fãs até mais tarde, em festa que lhe foi oferecida.

Ela, sozinha no rancho, aproveitou a lua cheia para uma cavalgada noturna, pela propriedade.

Indo além de certos limites, foi surpreendida por terreno lamacento e escorregadio, provocado pelas chuvas intensas do dia anterior.

Sem jamais se saber com exatidão o que aconteceu, a cavalgadura retornara sozinha ao celeiro, enquanto o corpo da senhora foi descoberto, horas depois.

A partir daí, o marido deixou literalmente de viver. Não dá atenção aos três filhos.

Em verdade, como desabafa a menina adolescente: Naquela noite, perdemos nossa mãe e nosso pai. Você deixou de existir para nós, pai, desde então. E não nos permite viver.

Proibiu que cantássemos, que nos divertíssemos, que comemorássemos o Natal. Há dois anos, papai, você morreu com a mamãe.

Mas nós precisamos de você, dos seus cuidados, do seu amor. Precisamos que nos ajude a continuar a viver.

*  *  *

O remorso é um atestado de desenvolvimento moral do ser. No entanto, deve ser somente a constatação de um ato que deve ser corrigido, tanto quanto possível.

Alimentado, pode ser comparado a uma serpente de mil voltas, que circula em torno do coração e o destrói.

É o remorso que nos acusa, de forma constante, nos fazendo reviver o dito, o feito ou não feito.

Não alimentemos esse sentimento destrutivo. Se algo fizemos errado, que tenhamos a consciência e nos arrependamos.

Se for possível corrigir a falta cometida, o façamos. Mas não nos eternizemos na culpa, mesmo porque, em alguns casos, fazemos muito mal não somente a nós mesmos.

Também àqueles que dependem de nós, que nos aguardam o socorro, o arrimo.

Quanto a denúncias ou comentários que venhamos a tecer a respeito de outros, lembremos que se as imperfeições de uma pessoa só a ela prejudicam, nenhuma utilidade haverá em divulgá-las.

Se, porém, podem acarretar prejuízo a terceiros, deve-se atender de preferência ao interesse do maior número. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever, pois mais vale caia um homem, do que virem muitos a ser suas vítimas.

Exemplos históricos nos levam a pensar em como a autopunição e o remorso inconsequente somente nos podem infelicitar.

O infeliz Judas, após a traição, busca sua autopunição, retirando-se da vida, infelicitando-se ainda mais.

Pedro, no entanto, tão próximo de Jesus, que O nega por três vezes, redime-se, entregando-se ao próximo, à divulgação da Boa Nova, sem tréguas.

Aprendamos com os bons exemplos.

Redação do Momento Espírita, a partir de cenas do
 Filme
Guiado pelo luar e no cap. X, item 21, de O
 Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec,
ed. FEB.
Em 20.5.2024

 

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