É comum quando nos deparamos com alguém, pela primeira vez, fazermos um julgamento apressado.
Pode ser alguém que nos é apresentado num evento social, no templo religioso ou no ambiente de trabalho.
Analisamos sua roupa, sua expressão corporal, sua maneira de se comunicar, o vocabulário de que se utiliza.
Em poucos minutos, concluímos nossa análise e temos pronto o julgamento.
Por vezes, na fila do supermercado ou enquanto aguardamos o atendimento em uma loja, observamos as pessoas e emitimos nosso juízo.
Julgamos seu modo de vestir, a forma como prendem ou mantêm soltos os cabelos. Até mesmo o estilo de seus acessórios.
O olhar rápido nos é suficiente para efetuarmos nossa análise e tirarmos conclusões.
Não raro, julgamos de maneira severa, rigorosa, quando não desrespeitosa e irônica.
Temos essa capacidade de fazer isso com poucos minutos de contato superficial e pontual.
Porém, ao analisarmos alguém, prestamos atenção, alguma vez, nos pés dessa pessoa?
Não nos referimos ao seu calçado, se está na moda, se nos agrada ou não, se está bem conservado ou já gasto.
Referimo-nos aos pés que a sustentam, que a mantêm ereta.
Seria interessante olhar para eles e tentar avaliar quantos caminhos já percorreram.
Quantas estradas difíceis foram vencidas, quantos milhares de passos foram dados para o trabalho, para a instituição de ensino, para o lar.
Observamos alguém não nos lembrando que essa criatura tem uma história de vida, que pode ser complexa e desafiadora.
Portanto, antes de tirarmos conclusões sobre qualquer pessoa, atentemos para seus pés, descalços ou calçados.
Talvez esses pés tenham percorrido caminhos inseguros de um lar desestruturado na infância, ou podem ter andado pelas estradas difíceis da dependência alcoólica ou química.
Antes de julgar o colega de trabalho, que se mostra intransigente e irritadiço, imaginemos por quais estradas terá ele transitado, quais dificuldades terá enfrentado para se colocar nessa situação.
É possível que o lar lhe exija demasiado nos compromissos com o cônjuge difícil, ou com filhos indiferentes e viciosos.
Pode ser que os caminhos que o trouxeram até este momento o tenham levado a assumir compromissos financeiros elevados, que lhe corroem o humor e a paciência.
Todos temos uma história que construímos no tempo.
É o resultado dos caminhos bons ou ruins que percorremos.
Bem verdade que algumas das nossas opções podem ter sido equivocadas e imaturas.
De qualquer forma, antes de julgarmos, pensemos que os caminhos do outro podem ter sido pedregosos ou lamacentos.
Lembremos que nós também temos nossas dificuldades e limitações que se refletem em nossa maneira de ser. Nossos pés podem ter percorrido caminhos errados e tortuosos.
Portanto, antes de julgarmos, olhemos os pés de quem observamos e tenhamos compaixão. Talvez, eles estejam sangrando, pelo longo percurso entre espinhos.
Menos julgamentos e mais vontade de compreender, auxiliar e aceitar nosso próximo.
Redação do Momento Espírita
Em 16.5.2024.
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