Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone Puxar o tapete

A expressão puxar o tapete, consagrada no linguajar popular, significa trair a confiança de alguém, trapacear ou usar a amizade e o relacionamento próximo para obter vantagens pessoais.

Ainda que esse ditado seja em sentido figurado, é interessante notar que a expressão indica proximidade entre o traidor e o traído, pois, no sentido literal, precisamos estar próximos para puxar o tapete de alguém.

A puxada de tapete pode acontecer na relação profissional, familiar ou social, mas se reveste de covardia quando praticada por um amigo.

Na relação profissional, há sempre vantagens pecuniárias ou de status envolvidas. Na relação familiar, existe a falência da natural confiança de um círculo afetivo.

A relação de amizade supõe uma conquista de confiança, um abrir da alma para que o outro adentre nosso círculo íntimo.

Por isso, a traição de um amigo é considerada como um ato indigno.

Vivendo neste planeta de provas e expiações, experienciamos diuturnamente os dilemas de nossa pequenez moral, na qual se insere a puxada de tapete.

Se consultarmos a História da Humanidade, encontraremos um sem-número de traições. Duas delas, entretanto, se revestem de cores marcantes.

A primeira é a de Judas Iscariotes que, participando do seleto grupo de apóstolos, partilhando da amizade do Mestre Jesus, ouvindo dEle os requisitos para se entrar no reino dos céus, O traiu, entregando-O aos braços inimigos.

A segunda é a de Marcus Junius Brutus, filho adotivo do imperador Julius Caesar, que se aliou aos inimigos do pai para apunhalá-lo nas escadarias do senado romano, demonstrando covardia e ingratidão.

Daí a frase de espanto do agredido: Até tu Brutus?

No entanto, além dos amigos, dos familiares ou daqueles que estão em nosso círculo de relação profissional e social, a quem mais traímos?

Podemos trair a nós mesmos, trair nossos sonhos, as promessas de nos tornarmos uma melhor versão de nós mesmos.

Isso acontece por vários fatores. Principalmente por não nos amarmos, por não nos acreditarmos merecedores da felicidade, esquecendo-nos do amor de Deus.

Por isso a necessidade de nos perdoarmos e perdoarmos o outro, lembrando do alerta de Jesus que afirmou ser o homem mais frágil do que perverso.

Por fim, o que podemos dizer quando acusamos alguém de nos ter puxado o tapete, sendo que, em verdade, é só nosso orgulho que foi ferido e ficamos melindrados?

A atitude de nos refugiarmos no melindre diz da nossa fuga ao enfrentamento do verdadeiro problema, pois mascara um sentimento inferior, seja de orgulho ou vaidade.

*   *   *

Aquele que trai um amigo, usando da amizade para obter sua confiança, é digno de profunda compaixão.

Certamente muito se compromete perante as leis divinas, candidatando-se a resgatar dolorosamente esse gesto de covardia moral.

Nenhum reconhecimento do mundo vale a perda de uma amizade.

Afinal, sabemos que quem tem um amigo encontrou um tesouro.

Redação do Momento Espírita
Em 26.4.2024

 

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