Se alguma prova te alcança,
Atende à vida, alma boa,
Ama, trabalha, perdoa.
Guardando o bem por dever;
Quando o mal te envolva os passos,
Na caminhada terrena,
Conserva, de alma serena,
A obrigação de esquecer.
* * *
Ama, trabalha, perdoa.
Nessa regra de luz, na interpretação livre da poetisa, encontramos três proposições inspiradoras:
Ama, trabalha, perdoa.
Amar dá sentido à vida, faz com que o Espírito encontre a si mesmo e também o seu próximo.
Amar é doar-se sem se perder, dar-se sem se diminuir, pois a fonte do amor é inesgotável.
Diante das provas que a vida nos oferta, permaneçamos amando, não esmoreçamos, não permitamos que alguma carência nos faça sentir incapazes de amar.
Quem ama está sempre mais seguro. Quem ama está sempre mais sintonizado com os planos maiores do Universo e apto a receber ajuda mais adequadamente.
A segunda proposta é do trabalho, Lei Divina.
O trabalho nos mantém acesos, nos torna parte da Criação como cocriadores.
Com o trabalho no bem, nós nos aproximamos de Deus.
O trabalho, como toda ocupação útil, dignifica a alma.
Não nos referimos somente ao trabalho remunerado, a apenas aquilo que o mundo materialista reconhece como labor. É preciso expandir a visão.
Trabalha o enfermeiro. Trabalha o artista. Trabalha a mãe. Trabalha o voluntário que, de forma anônima e perseverante, doa horas de sua semana para uma causa.
Trabalhamos ao prestar um favor ao outro. Trabalhamos ao escrever um texto que irá ajudar alguém a se reerguer. Trabalhamos quando cuidamos da nossa cidade, mesmo sem ninguém ver.
Trabalhar é construir e, ao mesmo tempo, construir-se.
Estudar é trabalhar. Pensar no bem é trabalhar.
E, por fim, vejamos a terceira proposta, a do perdão.
A obrigação de esquecer, conforme verseja a poetisa, é um grande desafio.
Afinal, como esquecer quem nos maltratou, nos furtou os bens, a vida de nossos amores? No entanto, trata-se de uma sugestão de uma espécie de autocuidado, de zelo próprio, que evita que carreguemos conosco aquilo que não precisamos, que somente nos pesa e infelicita.
Perdoar é libertar-se de algo que nos faz mal.
Certamente, quando ouvimos falar sobre perdão, pensamos dolorosamente: Como posso perdoar? O que fulano fez é imperdoável!
Se o erro do outro merece compaixão ou não, se o erro do outro tem o tamanho de um estádio de futebol ou de um vaso de flores, não nos diz respeito.
Precisamos entender isso. Não nos cabe cobrar, não nos cabe fazer justiça.
A proposta de perdoar é um processo individual de autolibertação, de autopreservação.
Não levemos isso conosco. Não vale a pena. Possivelmente, não esqueceremos o mal recebido porque não controlamos a memória.
No entanto, deixemos de odiar, de pensar em revide, retaliação.
Procuremos, a cada dia, carregar no coração essa regra de luz: Ama, trabalha, perdoa.
Os resultados serão imediatos. O simples fato de pensar na regra com assiduidade já fará muito bem ao nosso coração.
Experimentemos.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 20,
do livro Maria Dolores, pelo Espírito homônimo,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. IDE.
Em 11.4.2024.
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