A cena chocou a policial, apesar de sua experiência no atendimento a vítimas de acidentes e de agressões.
A senhora fora encontrada com múltiplas lesões. No hospital, tivera diagnóstico de concussão cerebral e algumas fraturas.
Não podendo dela obter informações, pelo estado de inconsciência, buscou acesso à sua ficha hospitalar.
Descobriu que, desde que viera para a cidade, há quatro anos, fora atendida, emergencialmente, mais de uma vez. Primeiro, um punho quebrado. De outra feita, costelas fraturadas.
A perspicácia de Melissa identificou, embora as desculpas assinaladas no prontuário médico, pela própria paciente, que se tratava de violência doméstica.
O que a estarreceu foi descobrir que o agressor era o enteado, jovem de dezessete anos, que residia com o casal.
No interrogatório, ela detectou tamanho ódio do rapaz pela madrasta que a levou a questionar as razões desse sentimento tão intenso.
O esposo desconhecia as agressões anteriores porque, habilmente, a esposa jamais lhe contara, no intuito de evitar conflitos entre pai e filho.
Desculpava-se, falando de uma queda, um descuido para encobrir a violência.
Foi com a ex-esposa que Melissa descobriu a causa daquele ódio extremado. Ela criara e alimentava o ódio no filho.
De tudo e por tudo culpava aquela mulher, que dizia ser a usurpadora da sua vida, destruidora da sua felicidade. Não se dava conta de que o seu casamento findara bem antes que o marido tornasse a se consorciar.
Um comentário da policial foi marcante: Eu também estou divorciada. A minha decisão, desde o princípio, foi jamais insuflar qualquer sentimento que pudesse ferir o bom relacionamento entre meus dois filhos e o pai deles.
Nada deve alterar isso. Nossa relação sofreu dificuldades e nos separamos, mas o sentimento de respeito a ele, como pai, fica acima de qualquer outro.
Desejo que meus filhos o amem, continuem o bom relacionamento com ele. Nenhum sentimento ruim deve interferir nisso.
Ódio somente faz mal a quem o sente, a quem o estimula, a quem o absorve. O ódio motiva tragédias, desmantela famílias, infelicita.
* * *
Dizem que o ódio é o amor que enlouqueceu. As tantas cenas tristes e os relatos de certas tragédias nos asseguram essa verdade.
Quando se instala nas fontes do sentimento, envenena-o. E faz tanto mal a quem o nutre, que desarticula os aparelhos nervoso, circulatório e digestivo.
Tudo isso pode se transformar em enfermidades físicas e emocionais, de largo e doloroso curso.
O ódio em nossas vidas é aquele mesmo que alimenta, psiquicamente, os conflitos bélicos que estouram pelo planeta, como um incêndio surgindo de uma fagulha.
O único antídoto para ele é o amor, o sentimento por excelência, que modifica nossas estruturas emocionais e comportamentais.
Cabe-nos vigiar as nascentes do coração e da mente, onde se originam os semens do ódio, erradicando-os e substituindo-os pelas células vivas do amor.
Será o amor que estabelecerá nos corações e no mundo, o reino de Deus.
E somente o reino de Deus nos trará bem-estar, alegria de viver, paz de espírito.
Redação do Momento Espírita, com pensamentos extraídos do
cap. 8 do livro Perfis da Vida, pelo Espírito Guaracy Paraná Vieira,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 4.3.2024.
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