Não sabemos se é um conto, um fato, uma lenda. Mas, conta-se que havia um burro amarrado a uma árvore.
Alguém que passava, simplesmente resolveu soltá-lo. Não questionou se haveria um motivo para o animal estar ali, se seu dono estaria por perto.
Solto, o animal pôs-se a correr. Chegou a uma horta próxima e, por estar faminto, foi devorando tudo o que havia sido plantado.
A mulher do dono da horta ficou extremamente zangada. Afinal, a horta custara a ela e ao marido muitas horas de trabalho.
E aguardavam poderem lucrar com a venda dos legumes e das verduras.
Por isso, tomou de uma vara forte e afugentou o burro, batendo nele violentamente.
Quando o dono do burro o viu chegar, todo machucado, foi verificar o que acontecera.
Ao tomar ciência de que os maus tratos tinham sido causados pela esposa do seu vizinho, foi tirar satisfações.
Cheio de raiva, agrediu verbalmente a mulher.
De volta ao lar, à noite, o marido e os filhos ouviram o relato dela e ficaram indignados.
Furiosos, foram à casa do agressor e, depois de palavras muito ofensivas e palavrões, chegaram às agressões físicas.
Foi uma grande confusão com feridos de ambos os lados. Ambulância, hospital, autoridades policiais.
Então, alguém, desejando se inteirar do que criara todo aquele cenário, descobriu que tudo se iniciara porque uma pessoa, desavisada, soltara um animal que vira amarrado a uma árvore, na manhã daquele dia.
* * *
Trata-se de uma história que pode nem ser verdadeira. No entanto, nos demonstra o quanto somos invigilantes ante fatos que nos envolvem.
Na nossa vida cotidiana de relação, quantas vezes nos temos comportado como os personagens da narrativa.
Reagindo de imediato, de forma precipitada, nos tornamos instrumentos do mal, criando infelicidade para nós e para outros.
Muitos problemas podemos evitar se educarmos a nossa vontade, não cedendo facilmente ao mal, pensando antes de agir, medindo palavras para não provocarmos discussões acirradas.
O Apóstolo Paulo, em sua Carta aos Romanos, faz-nos um significativo alerta sobre a necessidade de resistirmos ao mal.
Reconhecia-se ainda frágil, por vezes, não fazendo o bem que desejava, mas o mal que não queria fazer.
Parece-nos que ele nos está descrevendo. Relatando o que nos ocorre tantas vezes, a cada dia.
Formulamos votos de fazer o bem, de sermos mais cordatos, mais calmos. De pensarmos antes e só tomarmos atitudes depois. Contudo, quando percebemos, já dissemos a palavra ofensiva.
Costumamos dizer que a carne é fraca. No entanto, quem grita, quem se exaspera não é a carne.
Somos nós, Espíritos, que comandamos o corpo de carne que nos serve de instrumento.
Dessa forma, nos esforcemos em nosso processo de aperfeiçoamento.
Façamos propósitos de melhoria. Sejamos, a cada dia, pelo menos, um pouco melhores do que no dia anterior.
Cada vez que conseguirmos dominar a língua, a raiva, a agressão, teremos ganho pontos.
Pontos que afirmarão que somos uma pessoa que contribui para a instalação do mundo do Terceiro Milênio. Mundo de paz, de concórdia com o qual tanto sonhamos.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com
variações de história ouvida alhures.
Em 24.10.2023.
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