Momento Espírita
Curitiba, 22 de Novembro de 2024
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ícone Réstia da tarde

Uma réstia da tarde não é apenas um final de dia.

Uma réstia da tarde é uma pintura viva, um jogo de sombras e de luz que desfila defronte aos nossos olhos e nos diz: Você está vivo!

É um feixe de luz que penetra as casas, que brinca com as janelas desenhando formas geométricas, que toma conta de cômodos vazios e os traz à vida.

Facho corajoso, que encontra espaço mínimo entre cortinas pesadas, para alcançar a fruteira feita de mosaicos de vidros, repousada sobre a mesa da sala de jantar.

Logo se veem dezenas de pontos brilhantes pelo ambiente antes sóbrio, triste. Tudo se modifica. Não há nada que resista à beleza de uma réstia da tarde.

A natureza nos chama, as criaturas de Deus cantam belezas incessantemente.

A vida é de lutas, de ajustes e reajustes, sem dúvida. No entanto, se as aflições são matérias insistentes desta grande escola, o Criador nunca nos deixa sem a companhia inspiradora da beleza.

Conforme vamos nos sensibilizando, retirando de nós as cascas do materialismo, dos vícios morais que nos prendem ao que não nos serve mais, vamos percebendo melhor o que está ao nosso redor.

Dá-se, com muitos de nós, o mesmo fenômeno emocionante. Aqueles que, depois de anos de vida convivendo com a surdez, começam a ouvir algum som.

Ouvem a voz de uma mãe, de um esposo, de uma esposa, de um filho, ou o som de sua própria voz.

Ganham um sentido que não tinham e um novo mundo se lhes abre.

Imaginemos, então, ganharmos novos sentidos, podermos perceber coisas que antes não percebíamos, que sempre estiveram ali, exultantes, belas, ao nosso lado.

Alguns nos tornamos colecionadores de deslumbramentos. São os poetas, os escritores, os artistas, pois sentem necessidade de dividir isso com o mundo, repartir essa felicidade com o próximo.

Outros começam a entender melhor seus irmãos de caminhada. Percebem suas dores, entendem suas necessidades e se dedicam a eles em causas humanitárias valiosas.

Imaginemos, então, que há Universos, ao nosso redor, que ainda desconhecemos.

Assim como este microcosmo, este mundo do minúsculo que trabalha sem cessar em nós e conosco, há outros mundos que desconhecemos, funcionando com perfeição neste exato instante.

Fascinante, convidativo. O Universo, do qual somos parte, merece nossa admiração, merece nossa dedicação e gratidão.

Por que não aprender mais com ele? Por que não conhecê-lo melhor? Por que não desvendar as maravilhas da natureza e perceber que tudo nele tem uma finalidade nobre, inclusive cada um de nós?

Perceber o belo, sensibilizar-se, é porta de entrada para o mundo íntimo, pois tudo isso está em nós e nós estamos em tudo isso.

Se tudo na criação é belo, se tudo tem nobre finalidade, também nós o somos e nós a possuímos.

Quando a beleza de uma réstia da tarde não passar mais despercebida; quando começarmos a ouvir a música do vento; quando o amor nos fizer olhar para todos de forma compassiva, então haveremos de entender melhor o ensinamento do Mestre:

Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus.

Redação do Momento Espírita
Em 5.10.2023.

 

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