Eu estava à margem do lago da Galileia quando vi pela primeira vez Jesus, meu Senhor e meu Mestre.
Meu irmão André estava comigo. Jogávamos nossa rede nas águas.
Como as ondas estavam altas e fortes, pegávamos poucos peixes. Isso nos entristecia.
De repente, Jesus apareceu do nosso lado, como se tivesse Se materializado naquele mesmo instante, pois não O vimos se aproximar. Chamou-nos por nossos nomes e disse:
"Se me seguirdes, vos conduzirei a uma enseada cheia de peixes."
Ao olhar para Seu rosto, a rede caiu de minhas mãos, pois uma chama se acendeu dentro de mim e O reconheci.
"Conhecemos todas as enseadas desta costa" - disse meu irmão André. "Sabemos que num dia de vento como este os peixes buscam uma profundidade que está além do alcance de nossas redes."
"Segui-me até a orla de um mar maior. Farei de vós pescadores de homens. Vossa rede jamais ficará vazia."
Abandonamos nosso barco e nossa rede e O seguimos.
Pessoalmente, fui atraído por uma força invisível que O acompanhava. Caminhei a Seu lado, com uma emoção de tirar o fôlego, completamente embevecido, e meu irmão André vinha atrás, impressionado.
Enquanto andávamos na areia, tomei coragem e disse a Ele:
"Senhor, eu e meu irmão seguiremos Teus passos aonde quer que vás."
* * *
Pedro relata, emocionado, seu primeiro encontro com Jesus.
A sua humildade e de seu irmão deve ser exemplo para nós.
Eram pescadores experientes, conheciam aquelas águas e o comportamento dos peixes, mas, diante de Alguém Maior, simplesmente ouviram.
Sentiram, no profundo da alma, que Aquele Visitante era diferente. E confiaram.
Ele entendia de peixes, de oceanos, e muito mais.
A pesca era a atividade de subsistência daqueles homens simples. Era tudo que possuíam para garantir a vida material da família e, mesmo assim, perceberam que a proposta dAquele Homem era muito maior.
Será que estaríamos preparados para ouvir uma proposta como essa?
Será que estaríamos preparados, hoje, para abandonar nossa rede e nosso barco e seguir Jesus?
Não nos referimos aqui ao abandono do emprego, a deixar ao acaso os que dependem de nós, de forma alguma. Não é isso.
É um outro tipo de deixar a rede e o barco.
É muito mais uma atitude íntima de confiança, de dar prioridade a outras áreas da vida.
Deixar a rede e o barco talvez possa ser entendido como dar mais valor às questões do Espírito do que às da matéria.
Fazer isso com ações, com ajustes nos passos, nas escolhas e no modo de viver.
Não permitir que sejamos iludidos pelos valores impermanentes do mundo e seus tantos atrativos, que nos tomam muitas energias.
Não permitir que as preocupações da esfera da subsistência material nos tire o sono refazedor, nos leve para longe dos nossos amores e nos prive de momentos tão valiosos da existência.
Pensemos: se hoje recebêssemos essa proposta de deixar a nossa rede e o nosso barco, o que isso poderia significar para cada um de nós.
Lembrando que a proposta não vem de uma nova seita, de um modismo. Ela vem dAquele em Quem mais confiamos, nosso Exemplo e Guia: é uma proposta de Jesus.
Redação do Momento Espírita com base no
cap. Simão, que foi chamado de Pedro, do
livro Jesus, o filho do Homem, de Khalil Gibran,
ed. L&PM
Em 29.9.2023.
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