Quantas vezes, na infância e na adolescência, ficamos literalmente arrasados com as negativas de nossos pais?
Lembramos daquele dia em que os amigos foram para a praia, num carro emprestado.
Todos foram, menos nós porque nosso pai disse que temia que algo ruim pudesse nos acontecer: a estrada era perigosa, o jovem motorista acabara de receber sua habilitação.
E, olhando aquele bando de adolescentes que brincavam sem parar, temeu alguma imprudência.
Bom, eles não tiveram um acidente na estrada mas, os exageros na bebida levaram alguns deles para atendimento emergencial.
Poderíamos ter estado entre eles...
Lembramos daquele baile que perdemos porque, simplesmente, nossa mãe resolveu, de última hora, que as companhias não eram as mais adequadas.
Soubemos que o baile foi maravilhoso. E nossos amigos se divertiram muito. Todos... menos nós.
Não tivemos notícia de nada ruim ter ocorrido. E, durante muito tempo, amargamos decepção e raiva por não termos podido participar.
Quantos não recebemos, pelos mais diversos motivos.
Num dia, a festa era inadequada porque aconteceria na véspera de uma prova de matéria na qual andávamos mal. Então, precisávamos ficar estudando.
Em outra oportunidade... Bom, parecia que nossos pais adoravam dizer não.
Chegamos a pensar que eles desconheciam a palavra sim. Concluímos, também, que eles combinavam, no revezamento das negativas.
Quando um estava prestes a concordar conosco, a nos permitir o que queríamos, lá vinha o outro, pronto para falar a palavra indesejada.
Na maturidade do hoje, guardamos a certeza de que as negativas nos preservaram de alguns incômodos. Até mesmo da própria vida.
E escutamos alguns jovens se referindo aos pais como uma mala sem alça porque desejam saber aonde vão, com quem vão, o que farão.
E controlam o horário de retorno ao lar.
Mal se dão conta de que isso se chama cuidado, atenção, nesses dias de tantos descuidos e maldades.
Deveriam se dar conta de que, mais de uma vez, eles, como almas zelosas, estão sendo os intérpretes físicos das diretrizes espirituais.
Os anjos de guarda precisam de quem os auxiliem, na Terra. Ninguém melhor do que pais e mães amorosos, preocupados com a integridade física e moral dos seus filhos.
Por tudo isso, aprendamos a receber os não de nossos pais. Não deixa de ser um excelente exercício porque afinal, a vida nos diz muitos não.
Pensamos em ingressar em determinada carreira. Vamos bem em todas as provas, menos na prova física. E lá se vai nossa chance.
Programamos um estudo no Exterior, por determinado tempo. Problemas familiares nos exigem a presença no lar e a assunção como provedor.
Interessante é que, logo mais, descobrimos como tantas negativas nos fizeram bem.
Se nos frustraram, em determinado momento, nos amadureceram o entendimento.
Alguns deles nos encaminharam para trilhas diversas das idealizadas. E nos trouxeram felicidade, realização.
Dessa forma, aprendamos a receber os não de quem quer que seja, mesmo da vida, a fim de descobrirmos, depois, quão benéficos nos foram.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita
Em 18.9.2023.
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