Certa vez, uma mãe muito preocupada com a educação de sua filha a surpreendeu, junto a um grupo de amigas, comentando acerca de uma outra amiga ausente.
O comentário naturalmente era desagradável. A mãe, então, convidou todas as meninas a seguirem com ela para a cozinha. Ali tomou de três peneiras, uma vasilha e uma porção de farinha.
Despejou a farinha na primeira peneira, de furos grandes e, facilmente, a farinha passou para a segunda peneira que tinha furos um pouco menores.
Agitou um pouco e a farinha caiu na terceira peneira, de malhas mais finas. Chacoalhou outra vez e a farinha finalmente caiu dentro da tigela.
A mãe tomou, então, de uma tampa e, com cuidado, cobriu o recipiente para que a farinha não se espalhasse, caso um vento forte se apresentasse.
As meninas acharam aquilo tudo muito estranho e ficaram olhando, sem entender nada.
A senhora sorriu e falou, dirigindo-se especialmente para a filha:
Vamos imaginar que a farinha represente o comentário que você ouviu de alguém a respeito da sua amiga. Antes de passá-lo adiante, vamos passá-lo pelas três peneiras. Você tem certeza de que o que lhe contaram é a pura verdade?
Bem, disse a garota, certeza mesmo eu não tenho, só ouvi alguns comentários.
Se você não tem certeza, falou a mãe, a informação vazou pelos furos grandes da peneira da verdade. Agora, vamos passá-la pela segunda peneira, a da caridade.
Pense, minha filha, você gostaria que dissessem de você isto que você falava a respeito da sua amiga?
Claro que não, respondeu prontamente a garota.
Então, a sua história acaba de passar pelos furos da segunda peneira. Agora caiu na terceira, que se chama razão. Você acha que é necessário, que é útil passar adiante esta história?
A menina pensou um pouco, coçou a cabeça e respondeu:
Pensando bem, acho que não há nenhuma necessidade.
Pois muito bem, completou a mãe, assim como a farinha passou pelas três peneiras e ficou guardada na vasilha tampada, protegida do vento, o comentário que você ouviu, depois de passar pela peneira da verdade, da caridade e da razão, deve ficar guardado dentro de você.
Assim procedendo, você impedirá que o vento da maledicência espalhe a calúnia e traga maiores sofrimentos para sua amiga.
* * *
Antes de tecermos qualquer comentário desabonador a respeito de quem quer que seja, reflitamos: será mesmo verdade o que nos disseram?
Gostaríamos que dissessem de nós o que pretendemos contar aos outros? Será verdadeiramente útil para alguém passar adiante o que ouvimos?
Se depois de passar pelas três peneiras, concluirmos que pode não ser verdadeira a informação, ou que, em se referindo à nossa pessoa, não gostaríamos de tal comentário, ou, finalmente, se o que sabemos nada trará de construtivo, de útil a outrem, calemos.
O mal não merece comentário em tempo algum. O mal cresce na Terra porque os bons se encarregam de alardeá-lo aos quatro ventos, à conta de escândalo.
A frase: Você já sabe?, repetida tantas vezes por nossa boca, deve começar a morrer dentro de nós, quando se trate de comentar a vida alheia.
Divulguemos o mau proceder somente quando, comprovado verdadeiro, a sua divulgação possa trazer benefício a terceiros, a título de prudência ou cuidados.
Caso contrário, sejamos sempre os promotores da boa palavra, que constrói, edifica, espalha luzes onde se expresse.
Redação do Momento Espírita, com base
no cap. 25 do livro A vida ensinou, de
Maria Ida Bachega Bolçone, ed. EME.
Em 12.9.2023.
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