Foi num domingo de sol. Algo raro em nossa região, em pleno inverno.
O grupo de amigos, trabalhadores todos da mesma instituição benemérita, combinamos de nos encontrar para um almoço.
O intuito era angariar fundos para as obras de reforma da casa. Em verdade, o maior objetivo era nos reencontrarmos, depois de três anos, que pareceram milênios.
Parecíamos todos saídos de um baú de lembranças. Eram abraços e sorrisos para todo lado. Crianças que ainda não conhecíamos, chegadas da Espiritualidade, um pouco antes ou durante o período epidêmico.
Idosos a quem não víamos há algum tempo. Jovens, adolescentes, casais novos. Uma novidade atrás da outra.
O dia magnífico convidava a um passeio pela maravilhosa propriedade, uma estância muito bem cuidada.
Uma volta ao redor do lago, observação das árvores, animais felizes dentro d´água, outros passeando pela relva.
O que mais encantava era a chegada de cada novo veículo, com seus ocupantes.
Emoções compartilhadas, alegria.
Enquanto assim celebrávamos esse grande reencontro de quase duzentas pessoas, pensamos em quanto tínhamos a comemorar.
Não era somente o reencontro, o diálogo amigo, a contação das novidades (e quantas tínhamos), os abraços apertados, prolongados, como querendo arrefecer a enorme saudade...
A grande e maior comemoração era estarmos vivos na carne. Termos sobrevivido a uma pandemia que alcançou o mundo como jamais acontecera.
Certo, houve outras pandemias pelos anos afora. Nenhuma, no entanto, que nos retivesse isolados socialmente, por um tempo que nos pareceu interminável.
E, quando decretada a possibilidade dos reencontros, como fomos zelosos, cuidadosos.
Saímos de nossos lares, mais ou menos como os pequenos animais saem de suas tocas, olhando em torno, desconfiados.
A sombra do terrível vírus parecia nos espreitar.
Celebrar a vida. Quanta gratidão ao Pai Celeste por isso! Muitos sofremos o luto da partida de amores, de amigos, de conhecidos, de vizinhos.
Eles, com certeza, deveriam estar nos espreitando da Espiritualidade. Mas nós celebrávamos o continuarmos na carne.
Porque viver na Terra é oportunidade inigualável. Oportunidade de progresso, de aprendizado, de construir amizades, de apertar laços de afeto, de estabelecer outros tantos...
Viver é uma honra! E ali estávamos nós, gritando, felizes: Sobrevivemos.
E se sobrevivemos, isso se constitui mais um talento da Divindade para nós. O que significa maior, mais ampla responsabilidade.
Responsabilidade de bem aproveitar cada minuto que nos é oferecido para estar neste planeta.
Responsabilidade perante nós mesmos, nossos mais próximos, perante o mundo.
Se somos os que trazemos no coração o emblema de cristão, o dever de espalhar a mensagem aos que se nos acercam, com o exemplo de nossa vida honrada, que contribui para a melhoria do mundo.
Poderá ser enfeitando o jardim mundial plantando uma flor. Ou escrevendo uma página de consolo a quem sofre. Ou providenciando o alimento a quem precisa.
Um pequeno gesto. Um grande gesto.
Contribuamos, agradecidos pela possibilidade de prosseguir a viver, neste bendito planeta.
Redação do Momento Espírita.
Em 5.9.2023.
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