Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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Ouve.

Ouve o sussurro reconfortante

Do vento nos ramos do salgueiro.

Ouve os estalos d'água da fonte solitária

Vertendo pureza e servindo sem o saber.

Escuta o recital da asa branca

Profundo e rouco atrás de um par que a aceite.

Escuta o canto simples das cigarras

Ecoando na floresta em noites de verão.

Percebe o bater transparente das asas do beija-flor

Frenéticas, quase oitenta vezes, num único segundo.

Percebe o rufar do trovão à distância

Anunciando novo movimento na sinfonia do céu.

Descobre a complexa canção das baleias

Correndo grandes distâncias na imensidão marinha.

Observa a areia regendo as vagas no calar da noite

Nenhum compasso se repete. Uma pauta sem fim.

Ouve o coração acelerado

De quem acabou de voltar ao mundo

Na ânsia de ser mais.

Ouve!

A música do Grande Compositor está em todo lugar.

Desperta e ouve!

Mas, ouve com atenção

Pois, a voz da beleza - falava um grande sábio

A voz da beleza fala baixo...

*   *   *

Camille Flammarion, importante astrônomo e pesquisador psíquico francês, assim se expressou, com propriedade:

Em todas as províncias da vida, a mão do Criador inteligente e previdente se revela aos olhos que sabem verdadeiramente ver.

E sempre que a dúvida nos perturbe, nada melhor se nos impõe que o estudo acurado da natureza, porquanto todos os que tiverem consigo o sentimento do belo e verdadeiro, ante o espetáculo maravilhoso da Criação, logo terão dissipadas as nuvens, qual floração de luz.

A natureza tem harmonias para a alma, tem quadros para o pensamento, tem tesouros para as ambições do Espírito e ternuras para as aspirações do coração.

Sim, ela os tem, porque não nos é estranha. Somos um com ela.

Fazemos parte da grandiosidade do Universo. Somos parte dessa natureza encantadora que cada dia nos surpreende com suas habilidades, perfeições e mistérios.

Precisamos aprender a nos conectar melhor com tudo isso.

A vida moderna nos privou do contato mais constante com os outros seres vivos. O verde passou a ser visto enquadrado em poucas paredes, quando nos permitimos construir janelas.

Areia, grama, pássaros passaram a ser atrações eventuais e não mais convívios diários.

A beleza continua estuante ao nosso redor, por vezes, praticamente gritando: Estou aqui. Mas, não temos tempo, não temos ânimo e nem interesse.

Curioso ver o ser humano doente, agoniado, ansioso, inseguro, com o remédio claramente ao seu lado...

A conexão com Deus através da natureza tem poder terapêutico.

A natureza nos acalma, nos ensina sobre a paciência, nos dá lições de persistência. Desenvolve na alma a empatia, a sensibilidade e tantas e tantas outras virtudes.

Que possamos nos permitir mais momentos de vida na natureza.

Que, assim como outros bons hábitos diários, acrescentemos os momentos de contemplação, a visita e os cuidados com um jardim, namorar o canto de alguns pássaros...

Percebamos esta vida maior que nos envolve. Percebamos o quão grande e bela é a Criação Divina e que fazemos parte dela com muita honra e alegria.

Redação do Momento Espírita, com base no poema Ouve,
 
de Andrey Cechelero; pt. 4, cap. 2 e pt. 5, cap. 1, do livro
 
Deus na Natureza, de Camille Flammarion, ed. FEB.
Em 15.6.2023.

 

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