Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone A última sobrevivente

Ela deixou a ilha de Trinidad, no Caribe, no ano 2000. Seu destino era os Estados Unidos da América. Nova York.

Desejava se tornar cantora e dançarina.

Apenas um ano depois, seu sonho quase foi destroçado inteiramente. Ela ficou presa nos escombros da torre norte do World Trade Center.

Permaneceu soterrada por vinte e sete horas. E tudo o que Genelle se lembrou de fazer foi orar.

A sua prece se revestia da vontade de não morrer. Seu pedido frisava que desejava uma nova oportunidade.

Naquele período de quase terror, ela reviu sua vida, as decisões que tomara. E se deu conta de que, desde há muito, se desconectara de tudo que se referisse à Espiritualidade.

Ali, pareceu-lhe retornar às asas da fé que alimentara, anos passados. Depois de algum tempo, conseguiu que uma de suas mãos alcançasse a superfície.

De uma forma assombrosa, para seu alívio, sentiu uma mão máscula segurar fortemente a sua.

Disse-lhe se chamar Paul e lhe dirigiu palavras de conforto, assegurando que tudo ficaria bem e que logo o socorro chegaria.

Quando o resgate a retirou dos escombros, ela procurou por Paul.

Mas, ele simplesmente desaparecera, antes mesmo que ela lhe pudesse agradecer pelo conforto e apoio recebidos, durante aquelas horas trágicas.

O certo é que ninguém o vira, em momento algum. Então, o que Genelle deduziu é que se tratava de um anjo, enviado por Deus, para ajudá-la a recuperar a sua vida e a sua fé.

Para convidá-la a repensar sua jornada, suas decisões.

Genelle foi a última pessoa a ser resgatada com vida na tragédia de 11 de setembro de 2001. Ela define sua experiência como uma segunda chance, que resolveu aproveitar de forma plena.

*   *   *

Esse comovente relato nos transporta no tempo, recordando daquele homem que, conforme narra o Evangelista Lucas, descia de Jerusalém para Jericó.

A anotação é notável. Para as religiões abraâmicas, Jerusalém significa a morada da paz. Um local histórico associado à religião, à conexão com o superior.

Jericó, com sua localização privilegiada, suas palmeiras, distava apenas vinte e quatro quilômetros de Jerusalém.

Era a cidade dos prazeres, um oásis no deserto.

O homem que sai de Jerusalém e segue a Jericó deixa para trás os ideais elevados, para buscar as coisas terrenas e passageiras.

Ele descia... Portanto, abandonava a sintonia superior, como se desejasse se desligar da proteção divina, não querendo ouvir os conselhos espirituais.

No caminho perigoso, recebeu a agressão dos ladrões que se multiplicavam nessa via.

Ele também teve a sua segunda chance, graças à misericórdia do samaritano que o encontrou, o medicou e o conduziu à estalagem para ser tratado.

Resgatado, pôde retornar à vida, reformulando atitudes e ações.

Como Genelle, como o homem da estrada, quantos de nós nos perdemos, vez ou outra, abandonando o trabalho do bem, a vivência da Espiritualidade, a bênção da fé para buscarmos prazeres de momento?

Oxalá tenhamos em nossa jornada um anjo bom como Paul, entre os escombros ou como o samaritano na estrada.

Sobretudo, que saibamos aproveitar a nova chance.

Redação do Momento Espírita, com base no livro
 
A última sobrevivente, de Genelle Guzman-McMillan
 com William Croyle, ed. Best Seller.
Em 10.6.2023.

 

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