Quando o ano chega ao fim, é comum dizermos que os meses passaram muito rápidos, que não conseguimos fazer tudo o que havíamos pensado.
Parece que o mundo girou mais rápido e os dias deixaram de ter vinte e quatro horas.
Nesse tempo, não conseguimos assistir todas as séries televisivas que havíamos planejado, não lemos todos os livros que queríamos, não curtimos todas as mensagens, fotos e vídeos recebidos.
Não estivemos com os amigos tanto quanto gostaríamos, nem com nossa família.
Nessa análise, parece que o tempo é nosso inimigo e não o dispensador de oportunidades para nosso progresso.
Vivemos condicionados às horas, consultando o relógio, passo a passo.
Mas, nem sempre foi assim. A invenção do relógio mecânico na Europa data do século XIII.
Passamos séculos sem nos pautarmos pelos minutos e segundos.
Quando Sócrates criou a filosofia, não sabia se eram duas da tarde ou se faltavam alguns minutos para as três.
E Leonardo da Vinci, ao pintar A última ceia, não ficou consultando o relógio, verificando quanto tempo já empreendera. Simplesmente, investiu na sua criação.
A invenção do relógio mudou o tempo. Claro que isso nos ajudou. Como poderíamos marcar um encontro? A que horas devemos entrar e sair do trabalho?
A que horas devemos ir para a escola, para o templo religioso?
Porém, a partir de então, entraram para o nosso vocabulário palavras como gastar, poupar, desperdiçar... tempo.
Criamos o conceito de que tempo é dinheiro, que é preciso ter mais tempo, que não podemos perder tempo.
Em verdade, o que nos compete é administrar nosso próprio tempo, providenciando um bom espaço em branco, onde possamos fazer coisa alguma.
Um tempo para relaxar, para sonhar acordado, para contar estrelas e olhar as nuvens.
Tempo que pode ser de minutos, horas, ou uma tarde inteira, num dia qualquer. Não importa, desde que o saibamos bem aproveitar.
Tão importante dimensionarmos o bom uso do tempo e gozar, intensamente, cada atividade que nos propomos realizar.
Quantas vezes saímos de nossos apartamentos para levar o cão a passear.
Na maioria das vezes, andamos apressados, puxando o cãozinho. O ritmo é ditado pela nossa pressa.
Deveríamos permitir que ele comandasse a marcha.
Que ele vá tomando ciência dos cheiros, todos os cheiros diferentes daqueles onde fica por horas. Que ande aqui, que marque seu território logo adiante...
O passeio é dele. Nós o devemos seguir, parar, aguardar.
De igual forma, quando levamos crianças conosco. Já nos demos conta de quantas vezes vamos à frente, de passo acelerado, puxando os pequenos pela mão?
Eles seguem atrás, tentando colocar os olhos nas belezas do dia que nós deixamos de prestar atenção, desde algum tempo.
Tempo é preciosa dádiva que nos é renovada a cada dia, a cada ano.
Desaceleremos. Vamos rir de qualquer coisa, conviver, viver intensamente cada minuto.
Lembremos: A cada dia bastam as suas próprias aflições. Lição de um Mestre que lecionou amor, convivência, amizade. Tempo para cada coisa em seu tempo.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo
Como ter mais tempo, de Débora Zanelato, da
Revista Vida Simples, ed. 179, de janeiro/2017,
ed. Caras.
Em 17.3.2023.
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