Os pescadores experientes, conhecedores do Mar da Galileia, sabiam que as águas, habitualmente serenas, costumavam se alterar, nos meses de março-abril e setembro-outubro.
Nesses períodos, se agitavam, de repente, levantando vagas a alturas desmedidas, sacudidas por ventos tormentosos.
Então, os pescadores evitavam adentrar nessas águas traiçoeiras, entre o meio-dia e a meia-noite, a fim de se pouparem das surpresas tempestuosas.
Naquele dia, em torno das cinco horas da tarde, Jesus estava extenuado. Dirigiu-se a Pedro e lhe perguntou se os barcos estavam prontos.
Ante a afirmativa do apóstolo, disse que precisavam alcançar a outra margem, antes da alvorada.
Simão o alertou dos perigos. Mas, o Mestre insiste e partem os barcos.
Num deles, vai o Mestre. Toma de uma almofada, se acomoda e logo adormece, serenamente.
O início da viagem se faz tranquilo. Logo, as cidades da orla vão acendendo as luzes. No céu brilham os astros de Deus. Brisa suave sopra.
De repente, uma agitação violenta nas águas, um turbilhão de vento e o céu escurece. Relâmpagos, trovões, ondas enormes, risco de naufrágio.
A confiança inicial é superada pelo medo. Admiram-se que Jesus prossiga a dormir tranquilamente.
Finalmente, o resolvem despertar e quase repreendendo, lhe dizem: Senhor, desperta, não vê que vamos todos afundar?
O Mestre se levanta. Sua figura se recorta firme, contra a escuridão da noite, entrecortada por raios vez ou outra.
Ergue os braços e ordena aos ventos: Calai-vos. Emudecei.
Depois, se volta para o mar: Aquieta-te.
Cessam os ventos, acalma-se a borrasca. Sobrevém a calmaria.
Jesus se dirige aos discípulos e lhes indaga: Por que o medo? Não tendes confiança?
Eles conviviam com Ele. Haviam observado muitas maravilhas, que diziam do Seu poder. No entanto, temem ainda assim.
Nem o fato de Jesus dormir tranquilo lhes confere a certeza de que nada de mal acontecerá. Se Jesus está sereno, é porque tudo está bem.
Eles O despertam e pedem socorro.
* * *
Todos estamos na barca chamada Terra.
Em algum momento, optamos ou nos foi determinado, pela lei de progresso, que deixássemos o mundo dos Espíritos, para cumprir deveres e missões neste planeta.
Embarcamos, sob os cuidados do Divino Pastor.
É de nos perguntarmos por que temos tanto medo, quando as tempestades da vida nos alcançam.
Com certeza, é porque não nos damos conta de que nesta barca, conosco, embarcou Jesus.
Parece que esquecemos que Ele está conosco.
Por isso, sem que saibamos como, conseguimos suportar horas amargas.
Precisamos despertar Jesus em nós. Como?
Temos que fazer silêncio interior para que consigamos encontrar Jesus e acordá-lO com suavidade para que mantenhamos a confiança.
Jesus está na barca. Não deixemos que os problemas mais complexos cheguem para que decidamos acordá-lO.
Ouçamos os suaves cânticos da manjedoura, o coro dos anjos, a brisa cantante das margens do Mar da Galileia. Façamos o necessário esforço para sentirmos Jesus. Ele está conosco nesta jornada.
Com suavidade e ternura, O despertemos em nós.
Ele acalmará todas as tempestades.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 6, do livro
Luz do Mundo, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL e no artigo A tempestade
acalmada e a nossa reencarnação, de Marcelo Anátocles Ferreira.
Em 4.3.2023.
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