A incompreensão, quase sempre, é referida por nós como se fosse uma praga da qual não conseguimos nos livrar em nossa plantação afetiva.
Assim, deixamos que ela cresça, isolando-nos daqueles com os quais fomos chamados a conviver.
Percebamos quantas vezes percorremos largos trechos da existência, ao modo de viajantes abandonados, alegando ser a incompreensão o motivo da solidão que nos maltrata.
No entanto, se revisarmos o íntimo da alma, surpreenderemos a lógica e a justiça induzindo-nos ao reexame de todos os problemas dessa natureza, ainda mesmo os mais complexos. Sobretudo, se já aceitamos Jesus por Mestre.
A visão cristã nos ensina a identificar o apelo da vida para que assumamos nosso lugar, no quadro das obrigações que a fraternidade nos traça para o caminho, convidando-nos à compreensão.
Exatamente isso: Se os outros não nos compreendem, e o flagelo da incompreensão nos alcança, nós podemos compreendê-los, iniciando a jornada de esforço para o reencontro da harmonia com eles.
Quando nos deixamos comandar pelo amor, não mais esperamos, agimos.
Quando o amor educa nossas emoções, não nos deixamos abater tão facilmente por melindres, pois a fraternidade filtra os pensamentos vis, permitindo que selecionemos apenas os que nos façam bem.
Quando o amor está no leme, a maledicência é vista apenas como rocha pontiaguda que surge, de repente, no oceano dos dias, e que necessita ser contornada. Nada mais do que isso.
O amor sabe aproveitar todas as circunstâncias para levar aos companheiros, vitimados pela tentação do desacordo, as nossas melhores demonstrações de simpatia e cooperação, embora sem violentar condições e situações.
O amor sabe esquecer quaisquer justificativas para ressentimentos e promove todos os reajustes possíveis entre nós e os outros.
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Se Jesus levasse em conta as incompreensões da Humanidade, as nações do planeta não estariam, ainda hoje, muito longe dos princípios de violência que regem a selva.
Lembremos então: Toda vez que a incompreensão nos ameace o trabalho, recordemos que se Ele, o Mestre e Senhor, nos convidou a amar os próprios inimigos, decerto espera que venhamos a amar, valorizar, abençoar e entender os nossos amigos cada vez mais.
A compreensão torna leve a alma, nos evita a raiva desnecessária e também a vingança que aprisiona o futuro.
A compreensão nos traz conhecimento do outro e de nós mesmos, pois cada gesto de empatia é também um mergulho para dentro de nossas próprias mazelas ainda sobreviventes.
A compreensão é bandeira de paz, é palavra que edifica, é ação que interrompe o ciclo de ódio que arrasta a todos para quedas lamentáveis.
No mundo sofreremos incompreensões, naturalmente, mas que tal sermos agentes, mesmo que tímidos ainda, de um mundo mais compreensivo?
Comecemos agora, não deixemos para amanhã. A compreensão fará nosso dia muito melhor.
Pensemos nisso, hoje, enquanto o dia nos sorri e a oportunidade se faz presente.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 40, do livro
Encontro Marcado, pelo Espírito Emmanuel, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 5.12.2022.
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