Narra uma lenda que o rei da Frígia, assim chamada a Ásia, durante o Império Bizantino, morreu sem deixar herdeiro para o trono. Era o século VIII a. C.
Consultado, um oráculo anunciou que o sucessor deveria chegar à cidade num carro de bois.
Então, um camponês, de nome Górdio, no veículo descrito, adentrou a cidade. Entendendo que a profecia estava se cumprindo, ele foi coroado.
Para que jamais esquecesse seu passado humilde, ele colocou a carroça, que lhe rendera a coroa, no templo de Zeus.
E a amarrou com um enorme nó a uma das colunas. Na prática, era um nó impossível de ser desatado.
Górdio reinou por muito tempo. Seu filho, chamado Midas, o sucedeu no trono e expandiu o império.
Ao morrer, no entanto, não deixou herdeiros.
Novamente, foi ouvido o oráculo que declarou que quem desatasse o nó de Górdio dominaria todo o mundo.
Passaram-se os séculos, meio milênio, em verdade, e ninguém conseguiu realizar a proeza de desatar o dito nó.
Então, o jovem Alexandre Magno tomou conhecimento da lenda e decidiu passar pela Frígia.
Foi ao templo de Zeus e observou o nó feito por Górdio.
Após alguma análise, ele desembainhou a sua espada e cortou o nó.
Lenda ou verdade, o fato é que Alexandre se tornou senhor de toda a Ásia Menor.
É considerado um dos melhores estrategistas militares do Mundo Antigo. E o edificador de um dos maiores impérios que o mundo já viu.
O seu feito levou à expressão cortar o nó górdio, ou seja, resolver um intrincado problema da maneira mais simples e mais eficaz.
Isso nos remete à reflexão de que, por vezes, bastam ações simples para resolver problemas que nos podem parecer insolúveis.
Medidas singelas e efetivas, que nos falam de simplicidade e descomplicação.
Com certeza, foi por isso que o Mestre de Nazaré estabeleceu a regra de ouro: Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas, conforme as anotações do Evangelista Mateus.
Quase sempre a solução da dificuldade que se apresenta está sob nossos olhos, mas não conseguimos ver.
Como o grande Alexandre, é importante que não fiquemos presos a um roteiro, ao que todos fazem, conforme todos pensam. Importante pensar fora da caixa, de maneira objetiva.
Embora a solução de um problema possa não ser fácil, será sempre simples.
A jornada de Jesus na Terra foi adornada de simplicidade. Cantou as Suas bem-aventuranças em plena natureza, narrou inesquecíveis parábolas utilizando-se de temas conhecidos e familiares como o joio e o trigo, a figueira seca, o semeador, o samaritano.
Serviu-se de objetos e situações do cotidiano para falar de coisas grandiosas, de um reino a ser implantado no coração dos homens: uma moeda perdida, uma pérola encontrada no campo, a lida de um semeador, uma vinha.
Não se referiu a Deus com palavras complexas: simplesmente nos disse poeticamente, Meu Deus e vosso Deus, Meu Pai e vosso Pai.
Um Pai soberanamente justo e bom, Senhor do Universo.
Um Pai a quem pertence todo poder e glória.
Simples como as pombas.
Também prudentes para não identificar nós onde existe apenas um laço, que pode ser desatado, suavemente.
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