Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Os pequenos cavalheiros de Verona

A. J. Cronin, repórter e escritor inglês, entre tantas pérolas, nos deixou relatos de sua experiência, quando em visita à cidade de Verona, na Itália.

Verona se tornou mundialmente conhecida, em especial por ser o palco do drama do infeliz casal Romeu e Julieta, idealizado por Shakespeare.

Em férias com a esposa, Cronin conheceu dois meninos: Nick, de doze anos e o irmão, de dez anos.

No primeiro contato, eles lhe ofereceram morangos.

Segundo o menorzinho, eram os mais doces morangos de toda a Itália.

Acondicionados em uma cesta de vime, eram convidativos. E o escritor pagou muito mais do que valiam no mercado, porque a fala do garoto o seduziu.

No dia seguinte, ao sair do hotel para um passeio turístico, surpreendeu-se.

Os irmãos estavam à porta. Um anunciava as manchetes do jornal, o outro vendia os exemplares aos interessados.

À tarde, os dois continuavam suas vendas. Agora, eram cartões postais.

Cronin se encantou com a maleabilidade com que transitavam de uma para outra tarefa, parecendo experts em cada uma delas.

Acabou por contratá-los como cicerones, para o domingo, em que desejava alongar-se nos passeios pelas cercanias da cidade.

Quando eles chegaram, quase não os reconheceu. Estavam com roupas impecáveis, o cabelo bem penteado.

Pareciam dois cavalheiros saídos da tela de um pintor impressionista.

Tomaram o táxi e os meninos foram estabelecendo o roteiro.

E foi assim que Cronin descobriu que eram órfãos. Trabalhavam arduamente, todos os dias da semana, para pagar tratamento especializado para a irmã, de quatorze anos, internada em clínica particular.

Domingo era o dia em que a visitavam, religiosamente.

Por isso, enquanto pararam, por algum tempo, na clínica, Cronin e a esposa foram direcionados para a cafeteria próxima.

Filhos de uma cantora e de um maestro, depois do acidente que a ambos vitimara, haviam ficado sem lar.

Quando se manifestou a enfermidade na irmã, dispuseram-se a trabalhar até a exaustão para que ela tivesse o adequado tratamento.

Quando Cronin deixou Verona, a caminho de casa, endereçou um envelope Aos cavalheiros de Verona.

Dentro, havia uma quantia superior ao que eles conseguiriam em dois meses de suas incansáveis jornadas.

Dez anos depois, retornando a Verona, Cronin buscou os meninos.

Na clínica, soube que a irmã se recuperara e que os três haviam emigrado para Veneza.

Seu objetivo: estudar, se ilustrar, crescer.

Conseguiriam?

O repórter lembrou a garra de Nick, do irmão e concluiu: Com certeza, terão êxito.

*   *   *

Alegria de viver, bom ânimo, disposição para vencer todos os percalços, eis a grande lição dos meninos de Verona.

Poderiam ter se entregue à mendicância ou a furtos. Optaram pelo trabalho digno.

E quando a enfermidade atingiu a irmã, ei-los, mais do que nunca, dispostos a arcar com as despesas.

Nada lhes constitui obstáculo. Um objetivo deve ser alcançado e eles batalham para isso.

Um extraordinário exemplo para nossas vidas, a fim de que não nos deixemos abraçar pelo desânimo, nem nos acomodemos ante situações adversas.

Sigamos por este caminho.

Redação do Momento Espírita, com base em narrativa
 de Divaldo Pereira Franco, no cenáculo do
Centro Espírita
Caminho da Redenção, em Salvador/Bahia, em 27 de agosto de 2022.
Em 26.10.2022.

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998