Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone O que está dentro de nós

Era uma tarde de domingo. O parque estava repleto de pessoas que aproveitavam o dia de sol.

O vendedor de balões havia chegado cedo.

Como bom comerciante, chamava atenção da garotada soltando balões para que se elevassem no ar, anunciando que o produto estava à venda.

Não muito longe dele, um garoto negro tudo observava, muito atento. Acompanhou um balão vermelho soltar-se das mãos do vendedor e elevar-se lentamente.

Alguns minutos depois, um azul, um amarelo e, finalmente, um balão de cor branca.

Intrigado, o menino notou que havia um balão de cor preta que o vendedor não soltava.

Aproximou-se, meio sem jeito, e perguntou:

Moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros?

O vendedor sorriu, como quem compreendia a preocupação do menino. Arrebentou a linha que prendia o balão preto e, enquanto ele se elevava no ar, disse:

Filho, não é a cor que faz o balão subir. É o que está dentro dele.

O menino deu um sorriso de satisfação, agradeceu e saiu saltitando, confundindo-se com a garotada que coloria o parque na tarde ensolarada.

*   *   *

Ainda nos dias que vivemos, pleno Século XXI, o preconceito se apresenta, nas sociedades.

No seu caminho, deixa um rastro de prejuízos, físicos e morais.

O preconceito de raça tem feito suas vítimas, ao longo da História da Humanidade.

Mas não é o único causador de infelicidade. Esse malfeitor também aparece disfarçado sob outras formas.

Por vezes, surge como defensor da religião, espalhando a discórdia e a maldade, o sectarismo e o ódio sem precedentes.

Outras vezes, apresenta-se em nome da preservação da raça, gerando abismos intransponíveis entre os filhos de Deus.

Também costuma travestir-se de muro entre as classes sociais, fortalecendo o egoísmo, o orgulho, a inveja.

Podemos percebê-lo, ainda, agindo como barreira entre a inteligência e a ignorância, disfarçado de sabedoria, impedindo que o mais esclarecido estenda a mão ao menos instruído.

Também costuma aparecer travestido de patriotismo, criando a falsa expectativa de supremacia de uma nação sobre outra.

Igualmente, pode aparentar idealismo político, explorando mentes juvenis inexperientes e sonhadoras.

Como se pode perceber, o preconceito é um inimigo público que deve ser combatido como se combate uma pandemia.

Essa chaga social tem emperrado as rodas do progresso e da paz.

Por essa razão, vale empreender esforços para detectar sua ação, sob disfarces variados, e impedir sua investida infeliz, começando por nós mesmos.

Verifiquemos se ele não está instalado em nosso modo de ver, de sentir, comandando nossas atitudes diárias.

Identificando-o, vistamo-nos de humildade, lembremos que todos somos criados e amados pelo mesmo Pai.

Se estamos colocados em rincões diferentes, com idiomas e culturas tão diversas, com habilidades igualmente diferenciadas, é para nos darmos as mãos e crescermos juntos.

Lembremos a lição do vendedor de balões: o que nos faz subir é o que está dentro de nós.

    Redação do Momento Espírita, com base no conto
 
O vendedor de balões, do livro As 100 mais belas parábolas
 de todos os tempos, de Alexandre Rangel, ed. Leitura.
Em 25.10.2022
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