Era uma tarde de domingo. O parque estava repleto de pessoas que aproveitavam o dia de sol.
O vendedor de balões havia chegado cedo.
Como bom comerciante, chamava atenção da garotada soltando balões para que se elevassem no ar, anunciando que o produto estava à venda.
Não muito longe dele, um garoto negro tudo observava, muito atento. Acompanhou um balão vermelho soltar-se das mãos do vendedor e elevar-se lentamente.
Alguns minutos depois, um azul, um amarelo e, finalmente, um balão de cor branca.
Intrigado, o menino notou que havia um balão de cor preta que o vendedor não soltava.
Aproximou-se, meio sem jeito, e perguntou:
Moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros?
O vendedor sorriu, como quem compreendia a preocupação do menino. Arrebentou a linha que prendia o balão preto e, enquanto ele se elevava no ar, disse:
Filho, não é a cor que faz o balão subir. É o que está dentro dele.
O menino deu um sorriso de satisfação, agradeceu e saiu saltitando, confundindo-se com a garotada que coloria o parque na tarde ensolarada.
* * *
Ainda nos dias que vivemos, pleno Século XXI, o preconceito se apresenta, nas sociedades.
No seu caminho, deixa um rastro de prejuízos, físicos e morais.
O preconceito de raça tem feito suas vítimas, ao longo da História da Humanidade.
Mas não é o único causador de infelicidade. Esse malfeitor também aparece disfarçado sob outras formas.
Por vezes, surge como defensor da religião, espalhando a discórdia e a maldade, o sectarismo e o ódio sem precedentes.
Outras vezes, apresenta-se em nome da preservação da raça, gerando abismos intransponíveis entre os filhos de Deus.
Também costuma travestir-se de muro entre as classes sociais, fortalecendo o egoísmo, o orgulho, a inveja.
Podemos percebê-lo, ainda, agindo como barreira entre a inteligência e a ignorância, disfarçado de sabedoria, impedindo que o mais esclarecido estenda a mão ao menos instruído.
Também costuma aparecer travestido de patriotismo, criando a falsa expectativa de supremacia de uma nação sobre outra.
Igualmente, pode aparentar idealismo político, explorando mentes juvenis inexperientes e sonhadoras.
Como se pode perceber, o preconceito é um inimigo público que deve ser combatido como se combate uma pandemia.
Essa chaga social tem emperrado as rodas do progresso e da paz.
Por essa razão, vale empreender esforços para detectar sua ação, sob disfarces variados, e impedir sua investida infeliz, começando por nós mesmos.
Verifiquemos se ele não está instalado em nosso modo de ver, de sentir, comandando nossas atitudes diárias.
Identificando-o, vistamo-nos de humildade, lembremos que todos somos criados e amados pelo mesmo Pai.
Se estamos colocados em rincões diferentes, com idiomas e culturas tão diversas, com habilidades igualmente diferenciadas, é para nos darmos as mãos e crescermos juntos.
Lembremos a lição do vendedor de balões: o que nos faz subir é o que está dentro de nós.
Redação do Momento Espírita, com base no conto
O vendedor de balões, do livro As 100 mais belas parábolas
de todos os tempos, de Alexandre Rangel, ed. Leitura.
Em 25.10.2022.
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