Milton Erickson, notável psiquiatra americano, atendeu, certa feita, uma dama de família muito rica, que vivia uma depressão gravíssima.
Ela o recebeu no quarto, com todas aquelas características da depressão: desânimo, desencanto, ambiente mal iluminado e silencioso.
Ele lhe afirmou, de imediato, que tinha condições de fazê-la melhorar.
De início, pediu lhe fosse permitido visitar a casa, para que pudesse avaliar como era a vida que ela levava.
Acompanhado de um dos servidores da senhora, o psiquiatra andou pelos muitos cômodos da residência e percebeu que tudo era cinza.
Pintada com cores muito tristes, denotava, exatamente, o estado emocional da paciente.
Quando passou pela sala de refeições notou que sobre a mesa estavam muitos telegramas e cartas sem abrir. Ficou intrigado.
Foi-lhe dito que eram convites que ela recebia e nem abria. Era convidada para muitos eventos. Sem ânimo, não se interessava.
Depois da cozinha, ele viu um pequeno jardim de inverno. Ali estavam muitos vasos com violetas dos Alpes. Ela as colecionava.
É a única coisa que ela cuida. Ela somente se levanta, vez ou outra, para aguar ou para fazer uma muda ou transplantar uma violeta daqui para ali. - Disse o servidor.
O médico voltou ao quarto da paciente, despediu-se sem dar explicações.
Ela ficou sem entender e continuou mergulhada em sua depressão.
Dias depois, ele retornou à casa e perguntou:
Como a senhora está?
Um desanimado Estou na mesma - foi a resposta.
Pois eu vou lhe dar um conselho. A senhora é uma pessoa de importância em nossa sociedade. Recebe muitos convites.
Sinto lhe dizer que é uma indelicadeza não abri-los. A senhora não pode retribuir a gentileza das pessoas sendo descortês. É uma dama. Tem compromissos sociais.
Quando receber um convite, importante que o abra. E tenha a gentileza de mandar um vaso de violetas. A senhora os tem em abundância.
É um presente delicado. As pessoas vão ficar gratificadas e não lhe custa nada.
Ela pensou um pouco e concordou que era algo que poderia fazer.
Ao despedir-se, o médico se dirigiu aos familiares e pediu: Entreguem para ela todos os convites que chegarem. Peçam a amigos, a vizinhos, que mandem convites de aniversários, de bodas, convites simples para uma tarde de chá.
Ela passou a abrir os convites e foi mandando os vasos de violeta. À medida que sucediam os dias, o jardim quase desapareceu.
Ela precisou renovar o cultivo, precisou sair de casa para comprar vasos, adubos, pois a produção de violetas precisava aumentar.
Dessa forma, se levantava para fazer novas mudas e suas atividades em casa aumentaram.
E, nesse bendito afã, se libertou da depressão.
Quando ela morreu, cerca de dez anos depois, o jornal publicou:
A dama das violetas deixa um grande legado para todos nós. É possível que na maioria das casas de nossa cidade ela esteja presente através de um dos seus lindos vasos de violetas.
Redação do Momento Espírita, com base em fato,
relatado por Divaldo Pereira Franco, em palestra
intitulada Transtornos da afetividade - Depressão
- Encontro com Divaldo.
Em 24.10.2022.
Escute o áudio deste texto