Tudo aconteceu na feira livre da cidade, onde eram disponibilizadas frutas, legumes, especiarias, grãos e produtos coloniais.
As barracas se alinhavam umas ao lado das outras e o movimento era intenso. Algumas pessoas se concentravam naquelas que ofertavam pastéis ou pequenos lanches para consumo local.
Entre tantas pessoas, de repente, uma senhora se pôs a chorar. E o fez em tão altos brados, quase a gritar, que atraiu a atenção de muitos, que a rodearam.
Sua bolsa estava aberta e o dinheiro para as compras sumira. Entre lágrimas, ela explicou que trabalhava em casa de uma família, nas proximidades. Viera para as compras, conforme o fazia semanalmente.
Não sabia se fora roubada ou se fora descuidada e o dinheiro caíra da bolsa, que descobrira aberta.
Lamentava-se, sem parar, porque dizia que jamais seus patrões acreditariam que ela perdera o que lhe fora dado para adquirir as provisões para a família.
Então, um garotinho se aproximou e mostrou um rolo de notas.
Aqui está o seu dinheiro. Achei no chão, ali atrás. - Falou ele.
Era um menino, desses que costumamos ver nas ruas. E os olhares que se voltaram para ele, variavam da acusação de furto à incredulidade do achado.
Fosse como fosse, a senhora secou as lágrimas, tomou as notas nas mãos e disse, agradecida:
Salvou meu dia e meu emprego, garoto. Sinto muito não poder lhe dar uma gratificação porque nenhum centavo desse valor me pertence.
Não precisa, foi a resposta espontânea do menino, nem um pouco incomodado com os olhares desconfiados, que continuavam sobre ele.
E completou: A senhora já me agradeceu. Está sorrindo.
Em seguida, rapidamente, da mesma forma que surgira, desapareceu entre as barracas e as pessoas.
* * *
A preciosidade de um sorriso. Para um menino simples, essa gratificação lhe encheu a alma.
Para cada um de nós, quanto pode significar um sorriso?
Quando nos encontramos constrangidos ante um equívoco cometido, e percebemos que alguém nos sorri, sentimo-nos amparados.
É como se aquela pessoa, mesmo não estando próxima, esteja a nos dizer: Não se preocupe. Todos nos equivocamos, vez ou outra.
Ou talvez queira dizer: Tenha calma. Ninguém nem percebeu seu pequeno ato falho.
Um sorriso.
Quando desembarcamos no aeroporto ou na rodoviária, é acolhedor descobrirmos um rosto amigo que se destaca na multidão e nos sorria.
Sentimo-nos, de imediato, bem-vindos e seguros.
Um sorriso. Quebra o gelo da antipatia, rompe o silêncio do constrangimento.
Pode significar um perdão, um acolhimento.
Uma comemoração, um triunfo. Um momento inigualável de alegria.
Permitamo-nos sorrir mais. Ofertemos nosso sorriso, a cada manhã, quando nos despedimos para ir à escola, ao trabalho.
Ofertemos nosso sorriso a quem retorna ao lar, depois do dia exaustivo.
A quem está no leito, enfermo. A quem nos aguarda a visita, para preencher sua solidão.
Um sorriso. Um pouco mais de uma dúzia de músculos acionados para essa gentileza.
E os benefícios se refletem em nós, para nós e para quem nos esteja próximo.
Não nos cansemos de sorrir.
Redação do Momento Espírita
Em 21.10.2022.
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