Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Lição matutina

Os gritos exacerbados de bem-te-vi nos conduziram à janela do apartamento.

No topo do edifício em frente, um belo espécime de gavião bebia água, numa pequena poça que a chuva do dia anterior formara.

Cerca de dois metros do garboso espécime, em uma antena de TV, seis bem-te-vis gritavam.

O gavião parecia não se incomodar com aquilo e continuou a beber, sossegadamente. Então, as pequenas aves, que não pesam mais do que setenta gramas, iniciaram outra estratégia.

Passaram a executar voos rasantes, bem próximos ao indesejado intruso, enquanto os gritos se tornaram mais estridentes.

O interessante é que eles se revezavam na tarefa.

Um saía da antena, cumpria a missão e voltava. Outro o sucedia, depois outro.

Por algum tempo, o gavião suportou aquelas investidas. Acabou se rendendo e decidiu voar para outro lugar, onde não fosse perturbado.

Abrindo as asas, alçou voo, mostrando toda a imponência da sua grande envergadura.

O que vi me deixou ainda mais admirado. Dois dos bem-te-vis foram atrás dele, como se fossem uma escolta. Lembraram-me aviões de caça escoltando um avião civil, se certificando de que ele iria para bem longe dali.

Enquanto minha vista os pôde alcançar, acompanhei a cena, ao tempo que reflexões me acudiam à mente.

Os bem-te-vis, apesar do tamanho e da simpatia, são territorialistas. Podem ser agressivos, no período da reprodução.

Eles enfrentam gaviões, urubus e até seres humanos que se aproximam do seu território, para que possam acasalar e ter seus filhotes em segurança.

A cena da manhã me remeteu a pensar na coragem dessas pequenas aves, enfrentando um espécime muito maior e mais pesado.

Mostraram determinação em seu propósito e não se intimidaram. Comportamento habitual, conforme registram os apontamentos que as descrevem.

É o de que precisamos: coragem. Coragem para enfrentar as decisões importantes, para viver, para fazer o bem, para evoluir, para alcançar nossa paz interior.

E, mais do que o bem-te-vi, regido pelo instinto, somos filhos de Deus, dotados de razão e discernimento.

Se a Providência Divina distribui o alimento no celeiro da natureza para esses heróis alados, tem os olhos sobre nós e jamais nos abandona.

Isso levou o Apóstolo dos Gentios a assinalar em uma das suas epístolas: Tudo posso naquele que me fortalece.

Contemos com Deus. Contemos com Seu apoio. Não percamos a vontade de lutar e vencer. Nós podemos. Não importa o tamanho do problema ou quão imponente pode parecer.

Podemos vencer!

E, colhamos ainda outra lição da bela cena matutina. Eles trabalharam em equipe e em sistema de revezamento.

Por que insistimos em sofrer a sós, em não pedir ajuda, quando o fardo nos parece demasiado pesado ou a dificuldade enorme?

Para que terá Deus disposto ao nosso lado familiares, amigos, colegas, senão para que nos demos as mãos e escalemos juntos as colinas e as montanhas das dificuldades?

Sempre haveremos de encontrar quem nos poderá auxiliar a descobrir soluções, nos sustentará, quando prestes a cair.

Prossigamos alçando nossos voos rumo às estrelas.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo A coragem do
  bem-te-vi, de Odair Araújo, da Revista Seareiro, de julho/agosto 2022,
 publicação da Seara Bendita Instituição Espírita.
Em 13.10.2022.

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998