Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Não seja bonzinho

Inúmeras passagens do Evangelho conclamam os homens a amar seus semelhantes.

Ocorre que ao amor são atribuídos inúmeros significados.

Muitos afirmam cometer loucuras e crimes por força desse sentimento.

Entretanto, sendo o amor a essência das leis divinas, a sua vivência deve pacificar e iluminar.

É inconcebível imaginar que tão sublime energia possa desequilibrar e provocar tragédias.

Na realidade, frequentemente se toma por amor o que é apenas paixão ou desejo.

Outras vezes, mesmo amando, a criatura se equivoca na forma pela qual demonstra seu afeto.

Um dos grandes erros que alguém pode cometer é pensar que amar o próximo significa realizar suas vontades e fantasias.

Nessa linha, seria necessário agradar o ser amado, ser bonzinho com ele.

Entretanto, o adjetivo bonzinho não é, necessariamente, elogioso.

Jamais se diz de uma pessoa genuinamente boa que ela seja boazinha.

Quando alguém se constitui em uma presença benfazeja no meio social, diz-se que é uma ótima pessoa, que tem um grande coração.

Seria difícil ocorrer a alguém afirmar que Madre Tereza de Calcutá era boazinha.

O termo bonzinho, habitualmente, indica alguém bem-intencionado, mas sem discernimento.

Há uma diferença enorme entre ser bondoso e ser bonzinho.

Tome-se o exemplo de um professor.

Existe uma distância considerável entre um bom professor e um professor bonzinho.

Um bom professor possui conhecimento e didática.

Ele efetivamente ensina, mas também cobra o conteúdo de seus alunos.

Caso eles não estudem e aprendam, serão reprovados.

Um bom professor tem noção de seus deveres e responsabilidades.

Já um professor bonzinho ensina pouco e cobra menos ainda.

Distribui notas altas, independentemente do real aprendizado obtido pelos alunos.

Esse professor, a pretexto de agradar, causa um grande mal.

O conhecimento que ele não proporciona certamente fará falta aos seus pupilos no futuro.

Outro exemplo de bondade sem discernimento é o da mãe que se torna escrava dos filhos.

Dá-lhes tudo na mão e faz com que vivam em sua casa como se fosse um hotel.

Assim agindo, habitua seus filhos a serem servidos.

Entretanto, a vida não é um hotel de luxo.

O dia a dia é composto de lutas e esforços, que nos desafiam, constantemente.

A mãe que assume o papel de boazinha prejudica seus filhos, ao lhes dar uma perspectiva equivocada do viver.

É um perigo alguém tornar-se bonzinho.

Esse gênero de bondade é piegas e equivocado, pois prejudica o ser amado.

Devemos ser pessoas boas, na acepção da palavra.

Manifestar afeto pelos que nos rodeiam, mas incentivando-os a cumprirem seus deveres.

Orientar nossos amores para que sejam honrados e trabalhadores e assumam as consequências de seus atos.

A pretexto de amar, não podemos infantilizar ninguém, furtando-o das experiências necessárias ao seu progresso.

Afinal, o amor não se identifica com pieguices e ilusões.

O amor é uma força atuante e transformadora.

Pressupõe discernimento de quem ama.

Pois somente assim proporciona paz e felicidade ao ser amado.

Redação do Momento Espírita.
Em 23.9.2022.

 

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