Ela era uma mulher tida como exemplo pela sua maneira de ser, frente às dificuldades da vida.
Porém, depois que seu filho único se casou, foi se mostrando cada dia mais triste e lacrimosa.
Só falava na ausência dele, e na dificuldade de ficar dentro de casa sem sua presença.
Dizia que o amor que sentia pelo filho havia aumentado tanto que não cabia em seu coração.
Um dia, encontrando-se com sua mãe, desabafou sua dor imensa.
A mãe, carinhosa e compreensiva, lhe disse que também passara pela mesma experiência por duas vezes, porque tivera um casal de filhos.
Sentira a saudade amarga da distância. Mas, aprendera que os filhos não pertencem aos pais.
Cada filho tem sua própria jornada a realizar, suas conquistas a fazer e precisa ter essa liberdade assegurada.
Como a senhora superou essa dor sem limites?
E a boa senhora lhe respondeu:
Quando a saudade apertava meu coração, entrava no quarto, me sentava na cama, e começava a me lembrar de vocês, ainda bebês.
Sentia vocês, pequeninos, nos meus braços, sabendo que lhes dera tudo de que precisaram, com muito carinho.
Parecia que ouvia suas risadas no corredor, seus choros, quando caíam.
Via as paredes rabiscadas, suas primeiras manifestações de arte.
Relembrava as apresentações, na escola, no dia das mães, me procurando na plateia com o olhar.
Apanhava as pastas dos trabalhos escolares e os revia por dezenas de vezes, tornando a me emocionar com as garatujas, os rabiscos.
Lembrava as horas de espera, quando foram para a Faculdade, a barulheira que faziam quando chegavam contando as novidades vivenciadas.
E o abraço gostoso que eu recebia dos dois quando lhes oferecia um pedaço de torta, antes de dormir.
Revia o momento em que trouxeram seus namorados para me conhecer.
Foi quando pensei que deveria me preparar para vê-los sair de casa, para o lar que cada um iria construir.
Quando se foram, eu parava na porta dos seus quartos, vazios, e chorava de saudades.
Até que, um dia, chegou-me às mãos uma mensagem que dizia que nossos filhos não são nossos.
Eles somente vêm através de nós.
E, assim como deixamos nossos pais para construirmos nossas vidas, também eles haveriam de proceder.
No entanto, tudo o que tivermos plantado em seus corações, levarão consigo: as orientações, as normas, as diretrizes de uma vida nobre.
Então, agradeci a Deus ter podido ser mãe e realizado a boa semeadura em seus corações.
A partir daquele dia, a ideia do ninho vazio deixou de povoar minha mente. Compreendi que como os pássaros, que deixam o ninho para voar, assim fazem os filhos.
Eles saem para voar pelo mundo e o que mais eu devia fazer era vibrar para que o voo deles fosse alto, lindo, vencendo os ares.
Quando menos esperava, foram chegando os netos para reprise, de uma forma ainda mais doce, de todas as alegrias que vivera.
É a vida, concluiu a senhora. Devemos aprender a amar e deixar partir, amar e deixar que cada qual siga seu caminho, conquistando as suas vitórias, neste imenso mundo de Deus.
Não há ninho vazio quando se ama, porque o amor segue quem amamos.
Redação do Momento Espírita
Em 6.8.2022
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