Antes de Jesus, o serviço constituía sinal de indignidade ou miséria.
Apenas as lides da guerra ou do governo representavam o trabalho honroso da habilidade e da inteligência.
As demais atividades eram consideradas esforço inferior, para homens cativos ou de desprezível condição social.
O serviço-punição estava em toda parte.
Havia escravos nas letras, no ensino, na rotina doméstica, nos espetáculos, no mar e no solo.
Onde estivesse alguém ajudando ao próximo, no uso respeitável dos braços, aí se achava um coração oprimido pela vontade despótica de um senhor, sem qualquer direito à própria vida.
Com Jesus, porém, o trabalho começa a receber o valor que lhe é devido.
O Mestre inicia o apostolado numa carpintaria singela.
Em seguida, é o médico dos desamparados, sem honorários.
Torna-se enfermeiro dos aflitos, sem reclamar remuneração.
Atua como ativo educador, sem qualquer recompensa.
Por fim, consagrando o concurso fraterno na máxima expressão, lava os pés dos Apóstolos, como se fosse de todos um escravo.
Desde então, a Terra se renova.
Cada cristão, abastado ou menos favorecido deve procurar a posição que lhe cabe a fim de agir e ser útil.
Materializando o ensino do Cristo, Paulo de Tarso se consumiu de fadiga no trabalho incessante, auxiliando a todos, sem ser pesado a ninguém.
No correr dos séculos, sob a inspiração do Amigo Celeste, o serviço é motivo de honra e merecimento.
A sublime lição a ser aprendida com o trabalho é a que indica por maior aquele que se faz o servo de todos.
A reflexão sobre a nobreza e a importância do trabalho é muito salutar.
Na atualidade, não são raros os seres que identificam a ociosidade como a suprema ventura.
Valorizam-se e se multiplicam as horas dedicadas ao descanso.
A aposentadoria ou inatividade remunerada parece uma meta a ser atingida o quanto antes.
Porém, essa busca entusiasmada pelo nada fazer ou por passatempos vãos é contrária às leis da natureza.
Com efeito, tudo no Universo é trabalho, transformação, aprimoramento.
Embora o descanso seja bom, não pode se converter em meta de vida.
Na verdade, o trabalho é precioso instrumento de progresso.
No ambiente profissional o homem se força ao exercício de virtudes que ainda não possui.
Com frequência, precisa ser gentil com o cliente grosseiro, fraterno com colegas com quem não simpatiza, humilde perante o chefe arrogante, paciente com subalternos pouco aptos.
Mas o que hoje é vivido de modo forçado, na busca do sustento, lentamente incorpora-se ao ser.
A gentileza, a humildade, a fraternidade e a compaixão são autênticos tesouros que o Espírito adquire em sua jornada pela eternidade.
A Terra não é uma estação de lazer, mas uma escola, na qual buscamos assimilar os valores de que somos carentes.
Assim, a oportunidade de trabalhar não deve jamais ser considerada um castigo ou um sacrifício.
Importa valorizá-la, em sua justa medida, aproveitando todos os ensinamentos que faculta.
Amemos nossa tarefa, por simples que ela seja, percebendo-a como uma lição dos céus, em favor de nosso crescimento e felicidade.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 50, do
livro Segue-me!..., pelo Espírito Emmanuel, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. O Clarim.
Em 29.6.2022.
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