Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone Nossa mãe

Existem famílias que nos falam de verdadeiras ligações afetivas. A maneira como convivem e como enfrentam as dificuldades, são verdadeiros exemplos.

Numa roda de amigos, foi Judith quem nos falou a respeito de sua mãe.

Há mais ou menos três décadas, nossa mãe adoeceu tão gravemente que os médicos disseram que ela não teria muito tempo de vida.

Uma carta de nosso pai, desencarnado há alguns anos, nos chegou, dizendo que ela teria uma vida bastante longa na Terra e que haveria de acompanhar a vida dos seus dez filhos, netos e bisnetos.

Verdadeiramente, graças ao amor de todos e aos cuidados prestados, ela se recuperou totalmente.

Chegou aos noventa e oito anos de idade, com seus altos e baixos, resistindo heroicamente.

No último ano, enfraqueceu de tal maneira que precisou se resignar a ficar acamada.

Nossa irmã, sua cuidadora, procurando mantê-la ligada a algo que a pudesse confortar, colocava vídeos de palestras, para que os assistisse.

Um palestrante, em especial, chamou a sua atenção. Dias depois, dizendo-se apaixonada pelo missionário, que tornava e tornava a ouvir, contou que sonhara com ele lhe dizendo que Jesus a amava e queria que ela fosse feliz.

A partir desse dia, mudou seu ânimo, recuperando os movimentos a pouco e pouco.

Na proximidade do final do ano, ela se lembrou que a família costumava se reunir nessa ocasião.

Mesmo acamada, estabeleceu funções e tarefas para cada um dos familiares, visando a realização do evento.

E chegou a mais um final de ano. O que todos estranhamos foi que, nesse processo, sua mente pareceu mais lúcida, lembrando nomes e data de nascimento de cada membro da família.

O encontro foi recheado de histórias incríveis ocorridas com filhos, netos e bisnetos, relatadas por ela, com detalhes, por vezes, cômicos. E, de outras, emocionantes.

Durante o Evangelho no lar, realizado nessa data, em agradecimento a Deus por tudo o que fora recebido durante o ano que se findava, as preces foram pedidos de coragem e esperança para prosseguir nas lutas.

O toque mais do que especial aconteceu quando cada um dos dez filhos resolveu prestar uma homenagem àquela que lhes dera a vida.

Os corações se abriram, transbordando pela velha e amada mãe.

*   *   *

Tanto já se escreveu a respeito das mães. E, contudo, ainda faltam registros poéticos, ou em prosa, para descrever essa mulher, revestida de luz e amor.

Essa mulher que trabalha todo dia, não tendo feriado, domingo, ou final de semana.

Não tem férias porque sempre haverá um filho que grite, de algum lugar: Mãe, viu onde deixei meu tênis?

Cadê o meu agasalho, aquele bege, de que eu gosto?

Mãe, está pronto o almoço? Estou com fome.

Mãe, sabe o que é mirabolante?

E por aí afora.

O bebê chora no berço. O adolescente precisa de uma carona.

A filha quer saber se poderão ir juntas escolher o vestido para o baile de formatura.

E, quando parte para o outro mundo, ainda ouvirá, por muito, muito tempo: Mãe, cadê você? Estou com muita saudade...

Redação para o Momento Espírita.
Em 7.5.2022.

 

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