Ela toma o Evangelho em suas mãos. Lê emocionante trecho, reflexiona, põe-se a orar.
Uma profunda paz toma conta de si. Há mais de setenta e cinco anos mantém o hábito: uma breve leitura diária dos ensinamentos de Jesus, seguida de um colóquio com o Senhor da Vida.
A Ele destina profunda prece de louvor. Agradece pelo dom da vida, pela saúde, pelos filhos, netos, bisnetos. Pelos amigos, pelo lar, pelo companheiro que lhe acompanhou a jornada por mais de cinquenta anos e que retornou à Morada Divina.
Depois, conta ao Pai acerca de seus planos, relata suas dúvidas, transformando a oração numa conversa quase informal.
Pede conselhos, orientações. Ri, chora, emociona-se, lembra de acontecimentos passados, reflete sobre o que lhe reserva o futuro.
Finalmente, deposita, com confiança, cada um de seus passos nas mãos do Senhor.
Então, ouve com clareza a Voz que, ininterruptamente, ressoa dentro de si.
Voz que acalma, consola, dirige.
Voz que a lembra de que a morte não é o fim, de que os sofrimentos não são eternos, de que a felicidade é uma conquista individual, de que a gratidão é um estado de espírito.
Voz que a faz sorrir, pois, ao lhe dar ouvidos, ela mede seus atos, vigia seus pensamentos, diferencia o necessário do supérfluo, vive o presente com a alegria de quem planta um futuro melhor para esta e para outras vidas...
* * *
Alguma vez nos permitimos ouvir essa Voz?
A Voz que vem da divina consciência, da perene luz, do cintilar mais brilhante do Universo.
Filhos do Criador, obras únicas do Artista Magnânimo, nós O trazemos no mais íntimo de nosso ser.
Sua doce Voz, aprazível Voz, nos conduz por nossa consciência, nos consola pelo cultivo da fé, nos instrui pela humildade, pela caridade, pelo bem que praticamos.
No entanto, a Voz Divina é suave.
Em geral, quando em meio a alegrias, nos momentos de saúde e prosperidade, deixamos de ouvir o afável falar, o precioso sussurro.
Dessa forma, por vezes, somente o ribombar do sofrimento faz com que prestemos atenção à Sua Voz novamente.
A verdade é que Deus, infindavelmente, está em profundo diálogo conosco. Não obstante, só somos capazes de ouvi-lO quando aprendemos a diferenciar a Divina Voz daquilo que gostaríamos de ouvir.
Deus nos fala por meio da saúde e da doença, pelo começo e pelo recomeço, pelos sorrisos e pelas lágrimas.
Ele nos fala pelos inúmeros sins e incontáveis nãos que a vida nos oferece. Ele fala conosco quando agimos retamente e quando nossos passos se mostram vacilantes.
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Silenciemos. Ouçamos. O que nos diz Deus neste instante?
Agucemos os ouvidos da alma. Ouçamos a Celeste Voz!
Zelosos, atentos, vigilantes, ouçamos diariamente a Voz do Pai. Há tanto a aprender. Há tanto para conquistar. Há tanto para progredir, para sermos felizes, generosos, estendendo a mão ao próximo.
Há tanto para conhecer a respeito de nós mesmos.
Ouçamos o convite da Voz que nos conduz...
Redação do Momento Espírita.
Em 26.4.2022.
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