Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
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ícone A dor maior

Será que podemos avaliar as dores alheias? Qual será maior?

A da mãe que chora, ao lado da filha, cujo quadro leucêmico a arrasta, de forma irreversível, para a morte?

A de quem chegou ao aeroporto, para a viagem de férias para o Exterior e o voo foi cancelado? Tanto tempo aguardando, planejando, para acabar no nada.

Comprometimento de meses no cartão de crédito para o pagamento do hotel, do transporte no local de chegada, passeios previamente contratados. Tudo por água abaixo.

É, pode remarcar o voo, mas o que foi previamente agendado poderá, acaso, ser reprogramado?

Qual dor será maior: a de quem sofreu um grave acidente e viu um dos seus amores morrer?

Ou de quem comprou o carro dos seus sonhos e ele chegou com as especificações incorretas? A cor não é exatamente a escolhida.

É impossível se comparar a dor de um e de outro. Primeiro, porque somente podemos avaliar qualquer dor se já a experimentamos.

Segundo, porque cada pessoa tem sua forma peculiar, especial de sentir.

E, finalmente, porque nenhum de nós tem a real ciência do porquê a pessoa chora ou se desespera.

Quem chora por um bem material perdido, ou recebido de maneira diferente do seu pedido, quem tem um bem material roubado, avariado, estará realmente chorando por causa disso?

Ou o seu choro está traduzindo dores íntimas nunca declaradas, abandono, frustração de tantas e múltiplas outras situações?

Impossível, portanto, comparar, ou tentar avaliar a dor do outro. Fácil poderá ser dizermos que o que ele está passando não é nada comparado à nossa dificuldade.

Quando Jesus chorou, chegando em Betânia, e a irmã de Lázaro lhe disse que se Ele tivesse chegado a tempo, seu irmão não teria morrido, os que O viram chorar acreditaram que Ele chorava pela morte do amigo.

Contudo, Jesus chorava pela incompreensão das pessoas. Ele, o Messias, Aquele que ensinara que ninguém morre, que a vida é imortal, tinha ali uma das pessoas amadas, que elegera como sua irmã, a mostrar desespero ante a morte.

Isso nos diz como não podemos avaliar a essência das lágrimas do outro. Os sentimentos são íntimos e longe estamos de conhecer a profundidade de cada um.

Por isso, a ordem do amor se chama compaixão. Compaixão para quem chora a dor da ausência do amor que partiu, pela enfermidade ou por acidente trágico.

Compaixão por quem chora pela morte do seu animal de estimação. Compaixão para com quem chora pela viagem frustrada, pelo passeio que não deu certo, pelo noivado desfeito.

Toda dor merece respeito. Toda dor merece aconchego, consolo. Toda dor é real. Cada um sente o seu drama, conforme as suas próprias forças, a sua maneira de entender a vida.

Seja, portanto, a nossa ação frente à dor alheia a da compreensão. E se não conseguimos entender o porquê das reações do outro, se acreditarmos que o drama é demais para algo não tão importante, simplesmente, ofereçamos nosso ombro.

Nosso ombro para que a pessoa se apoie, derrame suas lágrimas, desanuvie o seu coração.

E abramos o nosso próprio coração para ouvir. Ofertemos nossos braços para o aconchego.

Redação do Momento Espírita
Em 7.3.2022.

 

 

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