Momento Espírita
Curitiba, 23 de Novembro de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Tempos de ouvir

Foi em 1984, que cientistas notaram sons pouco comuns, próximo ao tanque de golfinhos e baleias brancas.

Pareciam ser de uma conversa distante entre duas pessoas, embora não fosse possível compreender o que diziam.

Dias depois, ficaram mais surpresos, quando uma mergulhadora emergiu do tanque e perguntou aos colegas quem tinha dado a ordem para que ela saísse.

Uma análise acústica determinou que os sons vinham de uma fonte surpreendente: uma baleia chamada Noc.

Os sons foram gravados pela Fundação Nacional de Mamíferos Marítimos, de São Diego, na Califórnia.

Voz parecida ou imitação da humana, não importa. O que sabemos, com certeza, é que os animais têm sua forma peculiar de comunicação.

Quem ouve o cantar dos pássaros pode se esforçar para entender o que comentam entre si.

Uma amiga, que tem uma árvore frondosa, bem em frente à sua casa, diz que costuma ficar se deliciando com a algazarra dos periquitos, no final do dia.

Sempre imagino, diz ela, que eles discutem para decidir quem ficará em qual galho, na noite que se aproxima.

Ou será que estão relatando uns aos outros tudo que lhes aconteceu durante o dia?

Nessa hora, penso que nos oferecem uma grande lição de vida. Deveríamos ser assim, como eles, chegar em casa e desejar ouvir um do outro o que aconteceu naquele dia.

Como foi o trabalho, o estudo. Como estava o trânsito.

Pequenas tolices mas que nos aproximam. Ouvir as crianças contando como foi o jogo de futebol, como conseguiram a melhor nota da classe na redação.

Ou não foram muito bem na prova de matemática. Como repartiram o seu lanche com o amiguinho que ficou olhando, enquanto eles começavam a desembrulhar a sua delícia.

Sim, os animais, até mesmo quando se comunicam entre si, podem nos dar lições.

Por exemplo, lição de saber ouvir. Observo meu cão, sempre atento aos latidos dos caninos da vizinhança.

Conforme o que ouve, ele se agita, responde latindo. Percebo: os amiguinhos lá do começo da rua estão avisando que uma pessoa estranha passou em frente a suas casas.

E ele fica alerta, a postos, no portão.

No entanto, por vezes, ele simplesmente ouve. Fica ali, postado, quieto, ouvindo e ouvindo.

Devem ser somente coisas banais que aqueles latidos traduzem.

Nesses momentos, me dou conta de que seria muito bom se, entre nós, humanos, aprendêssemos a ouvir.

De um modo geral, somos muito impacientes com as falas que acreditamos bobas, sem sentido.

Contudo, o que pode nos parecer simples tolice é a fala de um solitário, que deseja compartilhar com alguém o que observou, o que viveu há pouco.

Seria bom que ouvíssemos mais, que procurássemos entender, além de tudo, o que a pessoa quer transmitir.

Afinal, a Divindade, ao elaborar a perfeição do corpo humano, dispôs que tivéssemos dois ouvidos, um de cada lado da cabeça.

Exatamente para ouvir o bom e o ruim, o agradável e o incômodo, a voz de quem amamos ou, simplesmente, a de quem somente espera ser ouvido por alguém que lhe sorria.

Pensemos a respeito. Tempos difíceis no mundo. Tempos de ouvir.

Redação do Momento Espírita
Em 28.10.2021.

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998