Viver em sociedade é um dos maiores desafios que a vida nos impõe.
Porém, querer nos isolarmos ou fugir do mundo, em uma vida contemplativa ou de ermitão, é abrir mão de inúmeras possibilidades de aprendizagem, que o relacionamento humano proporciona.
Na vida em sociedade estamos sempre sendo confrontados com estilos, valores e maneiras dos mais diversos.
Nesses relacionamentos, algumas pessoas nos servem de referência e buscamos nelas nos espelhar. Outras, pelo contrário, nos exigem a paciência e a compreensão para a convivência.
Assim, quase que de maneira inevitável, nos chegam à mente questionamentos sobre qual a melhor maneira de agirmos. Ou como devemos proceder em relação ao próximo.
Qual deve ser nosso comportamento, frente a tantas pessoas, tão diferentes umas das outras?
Se alguns nos tratam com gentileza e atenção, outros são ríspidos e mal educados.
Alguns têm empatia e compreensão, outros se pautam na crítica severa.
Vamos encontrar na mensagem de Jesus a segura orientação: Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles.
A partir desse ensinamento, a equação passa a ser simples: devemos agir com o outro da mesma forma que gostaríamos que ele agisse conosco.
Colocando-nos no lugar dele, teremos a medida correta de como deve ser nosso comportamento.
Se nossa ação, nossa palavra, ou mesmo nosso pensar, prejudica alguém, claramente não estamos corretos.
Afinal, se não desejamos ser prejudicados, assim devemos cuidar para não prejudicarmos a ninguém.
Será esse exercício de bem agir com o outro que irá nos humanizando.
Vamos reconhecendo que o próximo, por mais diferente que seja, merece nosso respeito, pelo simples fato de ser humano.
Isso é humanizar-se. É reconhecer a si mesmo no outro, percebê-lo como irmão de caminhada, de jornada evolutiva.
Afinal, não podemos esquecer que somos uma só e única família sobre este planeta. Criados pelo mesmo Deus, alimentados pelo mesmo amor.
Um filósofo espanhol teve oportunidade de escrever: Nós, humanos, nos fazemos humanos uns aos outros.
A principal tarefa da Humanidade é produzir mais humanidade.
O principal não é obter mais riqueza ou desenvolvimento tecnológico, coisas que não são, por outra parte, desdenháveis, mas o fundamental para a Humanidade é produzir mais humanidade.
É produzir uma Humanidade mais consciente dos requisitos do ser humano e das relações que se estabelecem entre eles.
Este é o grande desafio da vida em sociedade: conseguirmos tratar o outro, como se fosse um dos nossos, como se fôssemos nós mesmos.
Verdade que, para o desconhecido, não devotaremos, ainda, amor e dedicação como fazemos àqueles a quem já aprendemos a amar.
Mas, será sempre tempo de lhe oferecermos respeito, a consideração e a gentileza.
Cada vez que assim agirmos, estaremos testemunhando, perante o mundo, que acreditamos que somos humanos, irmãos, filhos do mesmo Pai.
E estaremos produzindo mais humanidade.
Redação do Momento Espírita, com base no livro
Ética para meu filho, de Fernando Savater,
ed. Planeta.
Em 12.10.2021.
Escute o áudio deste texto